Reveillon na avenida expõe a alegria de viver de muitos. Até o fim. Tudo se mostra em credos, confianças e movimentos que celebram. O asfalto vira bar, a guia é passarela e o companheiro é um ilustre desconhecido. Seus gêneros são muitos. Caras, bocas, braços sem retoques querem apenas paz, pedido reto todos os anos. É multidão, é desconhecido. A face de muitos observa, porque observar quieto, cantar só, é senda de paulista, encanto perverso que faz todos fazerem futuro, sonho de busca.

 

 

Para onde todos olham na rua? Para o céu, vejo bem. A cara de todos é fusão, seu cheiro é suor de fé, descrenças, espera. Sua cor é café, é fumaça de carro, é gente que ocupa. Na cidade não há espaço para vazios, sem receio o meio do mundo se faz aqui e tudo se ajunta e rebola. Segregação se mostra palavra vazia, uma avenida sem contramão em madrugada primeira do ano.

 

Não quero falar do lixo no asfalto, mas do luxo que treme entre todos  quando a deusa do fim do mundo canta, Elza Soares reina na madrugada, anunciando que o navio humano, quente guerreiro, irá partir, novo ano se anuncia:

 

“Quebrei a cara e me livrei do resto dessa vida

Na avenida dura até o fim

Mulher do fim do mundo

Eu sou e vou até o fim cantar”

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornalistas Livres

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