É possível sobreviver no jornalismo independente?

 

Em época de crise profissional, corte de equipes e passaralhos, como o jornalista está fazendo para sobreviver? Qual a saída para praticar um jornalismo ético, autônomo, desvinculado do poder hegemônico das empresas de comunicação? Essas foram algumas das questões que me levaram a pesquisar e escrever tese de doutorado Jornalistas, blogueiros, migrantes da comunicação: em busca de novos arranjos econômicos para o trabalho jornalístico com maior autonomia e liberdade de expressão, que defendi em abril na ECA/USP.

A pesquisa demonstra que os jornalistas adotaram os blogs em busca de independência, tanto ideológica, quanto financeira. Os pioneiros foram os jornalistas experientes, que há dez anos levaram a credibilidade e visibilidade conquistadas em outros meios (impressos, rádio e televisão) para a blogosfera e para as redes sociais. Eles abriram caminho para jovens que hoje iniciam no jornalismo (e se mantém) por meio dos blogs e redes sociais.

Alternativas como o colaborativismo, que permite a produção coletiva de reportagens, e o crowdfunding, ou financiamento coletivo, utilizado para arrecadar dinheiro pela internet, surgem como novas apostas, baseadas num modelo de jornalismo sem fins lucrativos, voltado para a independência. Esses modelos, que chamei de “arranjos econômicos” não são novos; são inspirados no cooperativismo e no jornalismo alternativo, que foram adaptados à sociedade em rede e (re) apropriados pelos jornalistas. Mas servem para demonstrar o quanto é fértil a busca por alternativas nesse momento, de surgimento de novos meios e, ao mesmo tempo, de crise na profissão.

Embora tenhamos no Brasil os principais meios de comunicação dominados por uma mídia hegemônica, tal fato demonstra que é possível romper barreiras e fazer um jornalismo comprometido com a verdade e a imparcialidade da notícia.

E diante de todas essas constatações, torna-se evidente a necessidade de termos uma maior pluralidade da mídia, que só será alcançada com a democratização dos meios de comunicação. Desse modo, haverá oportunidades a novos veículos, favorecendo rádios, tevês comunitárias, jornais alternativos, o que ampliará as opções de informação, e criará diversas visões e opiniões no espaço público.

A tese completa está disponível aqui

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