Diário do Bolso: O reinado do presidente

Nobre Diário, um presidente é como um rei: todo mundo obedece, todo mundo puxa o saco.

Por José Roberto Torero*

Mas, além disso, existe outra coisa igual: eu tenho o poder de escolher quem serão os meus barões, viscondes, condes e marqueses. Meus nobres, minha corte. Por isso eu distribui a Ordem do Rio Branco para um monte de gente.

Para o Olavo de Carvalho eu dei o mais alto grau da Ordem de Rio Branco, a Grã-Cruz. Só espero que ele não me fale palavrão no discurso de recebimento da comenda.

Também vão receber a Grã-Cruz: o Mourão, o Alcolumbre, o Paulo Guedes, o Moro, o Dória, o Witzel e o Zema. Gente da mais alta estirpe.
Pro Flávio e pro Eduardo, eu só dei a Ordem do Rio Branco no grau de Grande Oficial, a segunda mais alta. O Carluxo ficou de fora porque escondeu minha senha do twitter. Está de castigo. Agora ele vai aprender.

Aposto que os canhotopatas vão dizer que dar comenda para o Dudu e para o Flavinho é nepotismo. Mas não é. Me explicaram que nepotismo vem de “nipote”, que é “sobrinho” ou “neto” em italiano. Então nepotismo quer dizer “sobrinhismo” ou “netismo”. No meu caso é
filhismo, uma coisa completamente diferente.

Bom, no grau de Grande Oficial, eu também coloquei o senador Major Olímpio, a deputada Bia Kicis (que quer dizer Bia Beijos em inglês) e o deputado Hélio Lopes, todos do Partido do Suco
de Laranja, quer dizer, do PSL (preciso me lembrar do nome verdadeiro do partido, pô!).

Enfim, Diário, todos eles são gente de puro sangue azul, da mais elevada categoria, que merecem estar ao meu lado na corte brasileira.
Opa! < Mas é corte de nobreza, não corte de tribunal. Kkkkk!

*José Roberto Torero é autor de livros, como “O Chalaça”, vencedor do Prêmio Jabuti de 1995. Além disso, escreveu roteiros para cinema e tevê, como em Retrato Falado para Rede Globo do Brasil. Também foi colunista de Esportes da Folha de S. Paulo entre 1998 e 2012.

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