Por José Roberto Torero*, Diário, meu Diarinho, chuif, chuif…, você não ganhou o Jabuti
Quem venceu na categoria crônica foi uma tal de Nélida Pinheiro, ou Nélida Pinhão, uma coisa assim. Nunca ouvi falar. Parece que foi presidente de uma tal de Academia Brasileira de Letras. Que pemba de academia é essa? É para escritor fazer ginástica?
Mas o pior, querido e derrotado Diário, é que quem ganhou o prêmio
jabuti de “Livro do Ano” foi um de poesia. Pô, poesia é coisa de criança. Quer ver eu fazer uma agora?
“Rachadinha quando nasce,
a gente esconde no colchão,
Flavinho só paga em dinheiro,
e nunca com cartão”.
Pronto, fiz uma poesinha. Não gastei nem cinco minutos. Me dá um troféu aí.
O pior do pior é que a escritora, uma tal de Cida Pedrosa, é mulher e é do Nordeste. Pô, aí já é demais! É muita humilhação. Eu nem sabia que o pessoal de lá já tavaalfabetizado.
E o pior do pior do pior é que a tal de Cida acabou de se eleger vereadora em Recife pelo PCdoB! Pô, uma comunista! Só faltava essa! Por isso que eu não gosto de livro. Tem algum negócio neles, alguma droga que eles põem no papel, que transforma todo mundo que lê em esquerdopata.
Não é à toa eu só leio zap-zap no celular.
Por hoje é só, Diário. Desculpe se molhei suas páginas com as minhas lágrimas, por causa do jabuti
Chuif, chuif…
*José Roberto Torero é autor de livros, como “O Chalaça”, vencedor do Prêmio Jabuti de 1995. Além disso, escreveu roteiros para cinema e tevê, como em Retrato Falado para Rede Globo do Brasil. Também foi colunista de Esportes da Folha de S. Paulo entre 1998 e 2012.
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