Diário do Bolso: o gado e o rei da rachadinha

Diário, hoje saiu o segundo capítulo da novelinha do UOL sobre mim. Só não sei se ela está mais para “O rei do Gado” ou pra “Que rei sou eu?”. Vai ver o certo é juntar as duas e chamar a novela de: “Que rei do gado sou eu?”

Por José Roberto Torero

Diário, hoje saiu o segundo capítulo da novelinha do UOL sobre mim. Só não sei se ela está mais para “O rei do Gado” ou pra “Que rei sou eu?”. Vai ver o certo é juntar as duas e chamar a novela de: “Que rei do gado sou eu?”

Esse treco aí vai me ferrar bonito. Mas eu estou lançando as cortinas de fumaça mais fortes que eu tenho. Na segunda-feira espichei o auxílio-emergencial por mais três meses. E ontem anunciei o André Mendonça pro STF. Deu mais ou menos certo.

Bom, o capítulo de hoje conta a minha história com a Cristina. Euconheci ela numa manifestação por melhores salários pros militares. Gostei da tipa e chamei ela pra trabalhar comigo e começamos a ter um caso. E nós dois éramos casados com outras pessoas.

Aí ela engravidou, eu disse que o filho não era meu e pedi exame de DNA. Como deu positivo, eu larguei a Rogéria (mãe dos zeros), a Cristina largou o marido, e a gente foi viver junto.

Não é uma história terrivelmente evangélica. Mas esse negócio de trair os conges é o de menos. O pior veio depois.

A família da Cristina não gostava muito de mim, porque eu acabei com o casamento dela, porque não quis assumir o Jair Renan de cara, essas bobagens… Então comecei a botar o pessoal na folha de pagamento do meu gabinete. A primeira foi a Andrea, irmã da Cristina, depois o pai, o seu Procópio, que eu chamo de Prócopo, porque ele gosta de uma cervejinha. Aí o pessoal foi me aceitando mais.

As pessoas são que nem os deputados: se você solta um dinheirinho, eles acabam te engolindo.

Com o tempo, a Cristina virou chefe de gabinete do Carluxo e uma amiga dela, do gabinete do Flavinho.

Ao todo, 18 familiares da Cricri (é o apelido que eu dei pra Cristina, porque ela era muito cricri) foram registradas nos nossos gabinetes. Eles ficavam com um tanto do salário e a gente, com outro tanto. Mas não vou chamar de rachadinha. Vou chamar de distribuição de renda, talkei?

Aliás, tem até um pessoal da minha imprensa que já está dizendo que rachadinha não é roubo. Vamos insistir nisso daí!

Bom, em dez anos a gente comprou 14 imóveis. Cinco em dinheiro vivo.

Aí eu conheci a Michelle e troquei a Cricri por ela. Sabe como é que é, mulher é que nem cueca, de vez em quando tem que trocar por uma mais nova.

Na separação eu fui lá num cofre que a gente tinha no Banco do Brasil e esvaziei tudo. Eram 200 mil reais em espécie, 600 mil em joias e 30 mil dólares. A Cricri até fez B.O.

Aí ela diz que eu ameacei ela de morte e fugiu pra Noruega. O Renan ficou comigo. Mas um dia ela voltou e levou o garoto pra lá.

Pra ter o menino de volta, tive que dar um tanto do dinheiro e umas joias. Viu como eu sou um bom pai, Diário? 

Olha, o capítulo de hoje já foi terrível. Mas o de amanhã vai ser sobre o Queiroz.

Preciso de mais uma cortina de fumaça. O que eu faço? Falo que não precisa usar mais máscara? Não, já usei isso. Ataco as emas com cloroquina? Não, também já foi usado. Bom, meu pessoal vai pensar em alguma coisa…

O importante é não deixar essa história se espalhar, senão…vou deixar de ser o rei do gado

José Roberto Torero é autor de livros, como “O Chalaça”, vencedor do Prêmio Jabuti de 1995. Além disso, escreveu roteiros para cinema e tevê, como em Retrato Falado para Rede Globo do Brasil. Também foi colunista de Esportes da Folha de S. Paulo entre 1998 e 2012.

#diariodobolso

A rachadinha derruba o mito?

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