Diário do Bolso: Moro deveria usar a Lei de Segurança Nacional para prender o Adnet?

José Roberto Torero*

Diário, o desfile de ontem também foi um lixo.

A Vila Isabel falou dos candangos que construíramBrasília. Pô, tinha que falar dos políticos, essa raça sofrida que tem usar terno apertado e trabalhar três dias por semana debaixo de um ar condicionado que tá sempre forte demais.

O Salgueiro falou de um tal de Benjamim de Oliveira, o primeiro palhaço negro, coisa sem a menor importância.

A Unidos da Tijuca falou do Rio de Janeiro, e aí, pra combinar, queimou a luz da fantasia de dois caras da comissão de frente.

A Mocidade falou da Elza Soares, que foi casada com o Garrincha, ponta-direita, mas que hoje gosta mais da ponta-esquerda, porque fica dizendo que o povo tem que ir pra rua protestar contra mim.

A Beija-Flor trouxe a JojôTodynho de Xica da Silva. Pô, por que sempre falam em escravos e nunca nos fazendeiros e nos escravocratas? Isso é uma injustiça. Tem que ver os dois lados. É que nem eu sempre digo: “não é fácil ser empresário nesse país!”

Mas a pior escola mesmo, Diário, foi a tal da São Clemente.

Ela fez um enredo chamado “Conto do vigário”, sobre mentiras e golpes.

Já senti um cheiro de lulassambismo no ar.

Aí, quando eu vi o tal do Marcelo Adnet fantasiado de mim, levantei da poltrona e soltei um monte de palavrão. A Laurinha, minha filha, que estava vendo tevê comigo, até ficou vermelha. Mas minha filha nunca será vermelha!

Pra piorar, o comediantesquerdopata fez arminha, jogou laranja pro público e fez até uma flexão no meu estilo, que o pessoal da maldade chama de “fakexão”.

Falando em fake, a escola também criticou as fakenews. Mas, pô, é a criatividade do povo. E do meu pessoal lá da comunicação. Acredita quem quer. Que nem os discursos do Guedes.

Olha,Diário, tô pensando aqui: será que o Moro não conhece uns juízes de carnaval para rebaixar a São Clemente?

Ou então ele não pode usar a Lei de Segurança Nacional para prender o Adnet?

Aliás, esse Adnet queria o quê? Dizer que eu sou um conto do Vigário? Pois ele que fique sabendo que eu sou muito mais que isso!

Eu sou um conto do bispo!

@diariodobolso

*José Roberto Torero é autor de livros, como “O Chalaça”, vencedor do Prêmio Jabuti de 1995. Além disso, escreveu roteiros para cinema e tevê, como em Retrato Falado para Rede Globo do Brasil. Também foi colunista de Esportes da Folha de S. Paulo entre 1998 e 2012.

 

COMENTÁRIOS

7 respostas

  1. O povo nogento este povo do carnaval recebe dinheiro público pra que ,pra ficar criticando autoridades este povo tem mais é que receber um pé na bunda pra aprender a respeitar

  2. Nossa Torero, como você é engraçado, não consigo parar de rir. Com toda essa presença de espírito você só poderia mesmo ser resto da Folha de São Paulo e que hoje só presta para escrever essas mediocridades, aliás qyem perdeu o emprego na Folha vai trabalhar aonde ??? É o maior exemplo de estupidez, incompetência e falta de conhecimentos mínimos para exercer a função de jornalista. Boçalidade é própria de jornalistas que trabalham ou trabalharam naquele jornaleco…
    Imbecil…

  3. Depois de 16 anos…

    Ainda vai levar um tempo
    Pra fechar o que feriu por dentro
    Natural que seja assim
    Tanto pra você quanto pra mim…

    Agora só em 2026, isso se não fizerem a limpa direito. Ou deveria dizer da direita?

  4. Kkkkkk

    Adoro ver o site Jornalistas Livres, uma paródia sobre a piada que é nosso estagiário de presidente (com P minúsculo) da República. Kkkk

  5. Besteirol! Temos muitos jornalistas e me parece que poucos fatos relevantes a serem informados.

POSTS RELACIONADOS

Diário do Bolso: “se gritar ‘pega Centrão’, não fica um”

O general Augusto Heleno, que cantou “Se gritar ‘pega Centrão’, não fica um, meu irmão…”, agora diz que o Centrão nem existe. Acho que ele vai trocar a letra dessa música pra alguma coisa assim: “Se gritar ‘pega Centrão’, o governo inteiro levanta a mão…”

Diário do Bolso: entupido e não cheirando bem

Os canhotos riem, mas esse meu entupimento veio bem a calhar. Como estou com cagaço de enfrentar essa CPI da covid, aproveitei o meu estado descocomentoso pra me fazer de vítima. Aquela foto de mim cheio de tubo já foi isso. Porque o meu marquetim é esse: quando não tô matando, tô morrendo.

Diário do Bolso: a esquerdalha ri do meu soluço, hic

Teve um sujeito que, hic, disse que o Lira tinha que botar o, hic, pedido de impitimem em pauta, que aí o susto, hic, ia me curar. E outro respondeu que melhor ainda seriadizer que, hic, tinham recuperado as, hic, mensagens do celular do Dominghetti.