Diário do Bolso: descobriram sou o 01 da rachadinha

A Andrea, minha ex-cunhada, me ferrou bonito. Pior que ex-mulher, só parente de ex-mulher. Por exemplo, o André, meu ex-cunhado, só me devolvia R$ 2 mil, R$ 3 mil do salário. Mas o combinado era R$ 6 mil! Trato é trato, talkei?O cara me engana e eu é que sou larápio?

Por José Roberto Torero

Ah, Diário, essa história de rachadinha vai rachar o meu eleitorado.

A Andrea, minha ex-cunhada, me ferrou bonito. Pior que ex-mulher, só parente de ex-mulher.

Por queraios a Andrea tinha que dar com a língua nos dentes?! E como isso foi parar no gravador de uma jornalista?

Eu odeio mulher jornalista!Homem, eu também não gosto. Mas mulher é pior. Essa tal de Juliana Dal Piva botou uma estrovenga no meu fuleco

E, na verdade verdadeira, eu sou vítima! Sou vítima, pô!

Por exemplo, o André, meu ex-cunhado, só me devolvia R$ 2 mil, R$ 3 mil do salário. Mas o combinado era R$ 6 mil! Trato é trato, talkei?O cara me engana e eu é que sou larápio?

O pessoal tem que entender que quem é do baixo clero não consegue muito dinheiro. Não é que nem o Arthur Lira e os caras que me apoiam na CPI da covid. Eles receberammais de cem milhões de reais cada um pra distribuir pra quem quiser e pegar o troco deles. Mas eu tinha que me virar com rachadinha e nota fria pra reembolso de gasolina. Baixo clero é empreendedorismo puro.

A Andrea Tagarela foi a primeira de 18 parentes da Ana Cristina (a mãe do Jair Renan) que trabalhou nos nossos gabinetes.

Tudo começou numa festa de casamento, quando a Ana Cristina perguntou pros parentes dela quem gostaria de ser nomeado no meu gabinete dele. Era só dar o número do CPF e devolver uma parte do salário. Uma parte grande, uns 80%, 90%, porque a rachadura da rachadinha não é no meio não, pô!

Aí os CPFs foram chegando e a gente foi ajeitando eles. Ainda mais depois que o Carluxo e o Flavinho se elegeram também. Coisa bonita, de família unida, talkei?

Bom, hoje saiu o podcast com o começo da história. Tá lá no UOL pra todo mundo saber tudo dindim por dindim. Quer dizer, tintim por tintim.

Eu e meus filhos nem tocamos no assunto. Vamos fazer de conta que não aconteceu nada.

E o Wassef, aquele meu advogado que escondeu o Queiroz, já deu as mesmas desculpas do Moro e do Dellagnol: “É tudo mentira”, “A gravação é clandestina” e “Não houve perícia”. Será que advogado aprende essas três desculpas na faculdade?

Pra me funicar ainda mais, ontem saiu uma pesquisa que diz que 63% da população não votaria em mim. E isso foi antes desse escândalo. Imagina agora…

Porque o meu eleitor pensa assim, Diário: “Matar gente por falta de vacina, tudo bem. Mas corrupção não pode!”

Olha, já tem gente que, em vez de Mito, está me chamando de Mictório.

#diariodobolso

José Roberto Torero é autor de livros, como “O Chalaça”, vencedor do Prêmio Jabuti de 1995. Além disso, escreveu roteiros para cinema e tevê, como em Retrato Falado para Rede Globo do Brasil. Também foi colunista de Esportes da Folha de S. Paulo entre 1998 e 2012.

O 01 da rachadinha

#diariodobolso

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