Por José Roberto Torero* Diário, eu não tenho desejos de fim de ano. Tenho “desdejos”!
É que eu não quero que nada aconteça. Mas quero que algumas coisas não aconteçam. Por isso, todos meus sete desejos começam com “DES”. Olha só:
1-) Meu primeiro desdesejo é DESmantelar o processo do Flavinho. Nem tanto pelo garoto, que é burro que nem uma porta pra deixar tanta pista por aí, mas porque, se pegarem ele, podem me pegar depois. Ou será que alguém acredita que o Queiroz aprendeu tudo com o Flavinho?
2-) Meu segundo desdesejo é que todas essas vacinas sejam um DESastre. Assim não vai pegar tão mal a gente não ter começado ainda essa porcaria de vacinação. Um monte de países, até a URSA (União das Repúblicas Soviéticas Argentinas) já está vacinando. Pressa pra quê? O Pazuello, meu especialista em logística, ainda nem comprou as seringas, pô.
3-) Meu terceiro desdesejo é que o DESmatamento não pare. Ricardão, meu ministro condenado, tem que continuar o trabalho dele em paz. Aquele desgraçado do Biden que não me venha com ecoconversinha!
4-) Em 2021, os caras do Centrão vão ser meus melhores amigos. Então vai ser muito importante eu DEStribuir verbas e cargos para eles.
5-) Tenho que DESmontar a DESmontagem do DESmonte dos mecanismos de rastreamento de armas. Eu fiz uma lei aí pra deixar o pessoal das milícias mais livre, mas o Congresso deu uma brecada. Preciso DESfazer o que foi DESfeito. Miliciano também é gente, caramba!
6-)DESinformação é outro “DES” importante. A Secom tem que continuar o trabalho dela, seja xingando brasileiros, tipo aquela Petra Costa, quando ela estava concorrendo ao Oscar, seja fazendo campanhas do tipo “O Brasil não pode parar”, bem no meio da pandemia.
7-) E, por fim, precisamos continuar DESpejando dinheiro nos canais religiosos, porque esse é o nosso público. Se o sujeito acredita numa Flordelis, num Everaldo e num Crivella, também vai acreditar em mim.
Enfim, Diário, dizem que eu sou despreparado, descompensado, desalmado, desavergonhado, descarado, desconexo, desonrado, desclassificado e desprezível. Um verdadeiro desarranjo. Mas e daí? Minha única preocupação é que não venha um impitimem e eu vire um DESpresidente!
*José Roberto Torero é autor de livros, como “O Chalaça”, vencedor do Prêmio Jabuti de 1995. Além disso, escreveu roteiros para cinema e tevê, como em Retrato Falado para Rede Globo do Brasil. Também foi colunista de Esportes da Folha de S. Paulo entre 1998 e 2012.
#diáriodobolso
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