Dia Nacional de Greve é marcado por mobilizações em Curitiba

Foto: Leandro Taques/Jornalistas Livres

Por Gibran Mendes e Manoel Ramires, para os Jornalistas Livres

Milhares de pessoas foram às ruas de Curitiba nesta sexta-feira (11) para protestar contra a política de austeridade do governo ilegítimo de Michel Temer (PMDB). A PEC 55, antiga PEC 241, foi o principal alvo dos manifestantes. A medida que congela investimentos públicos por 20 anos é alvo de crítica de diversos campos da sociedade.  O projeto é visto por estes setores como a maior ameaça para o estado de bem estar social desde a promulgação da constituição de 1988.

O primeiro ato teve início às 9h na Praça Santos Andrade. Mais de mil pessoas participaram da mobilização que terminou com uma caminhada até a Boca Maldita. Centrais sindicais, sindicatos e movimentos sociais participaram da aliança em defesa dos direitos sociais. Já no início da noite, às 18h30, o ato de encerramento aconteceu na Praça 19 de dezembro, no Centro Cívico da capital paranaense. Cerca de cinco mil pessoas participaram do encontro que percorreu as ruas do centro da cidade. Diversas outras mobilizações aconteceram tanto no Paraná quanto no Brasil, fruto de uma convocação da CUT Nacional.

“São 20 anos de retrocesso. A classe trabalhadora não pode permitir que a PEC 55 seja aprovada. É difícil analisar todas as consequências que ela trará uma vez que os atrasos serão em todas as áreas, mas sobretudo nos investimentos sociais. Só há um setor beneficiado: o sistema financeiro e nós, definitivamente, não fazemos parte deste campo. É preciso resistir e criar condições para que as pessoas entendam, definitivamente, o que essa PEC significará para suas vidas”, afirmou a presidenta da CUT Paraná, Regina Cruz.

Foto: Gibran Mendes/Jornalistas Livres
Foto: Gibran Mendes/Jornalistas Livres

PEC – A PEC 55 atualmente tramita no Senado Federal. Ela passou pela comissão de constituição e justiça sem nenhuma alteração, uma vez que o relator Eunicio Oliveira (PMDB) rejeitou as emendas. A previsão é que a PEC seja votada em novembro em primeiro turno e em dezembro em segundo turno.

Para os grevistas, a PEC traz grande retrocesso social, pois prevê congelamento de investimentos de um lado e mantém pagamento de juros de outro. A coordenadora geral do Sismuc e diretora da Confederação Nacional dos Trabalhadores Municipais (Confetam), Irene Rodrigues, alertou para os riscos na piora do atendimento ao povo. “A gente precisa construir uma unidade nacional e tentar evitar essa PEC da Maldade. Se ela for aprovada, será nos serviços públicos municipais que o povo vai mais sentir. Por isso, estamos nos mobilizando nas cidades em todo o Brasil contra essa PEC”, destacou.  Irene ainda destacou que a luta não é salarial, mas pela estrutura social. “O mundo está escandalizado com essa PEC. Ninguém faz um ajuste fiscal tão duro. O país vai ampliar a desigualdade social”, completou.

O alerta geral é que a PEC vai cortar dinheiro da educação e da saúde, principalmente por causa da redução do investimento no SUS. “Com os cortes, muito das verbas que vão para os remédios e farmácia popular serão cortados. O dano será grande”, alerta Nádia Brixner, diretora da APP-Sindicato.

Também diretora da APP-Sindicato, a professora Marlei Fernandes, alertou para um dos motivos ocultos da proposta de emenda constitucional. “Tem um projeto que está por trás disso que é o seguinte: as grandes instituições privadas querem vender serviço ao governo. Hoje o que é o Prouni para as universidades privadas, que é importante, mas eles querem transportar para o ensino médio. Querem vender serviços que o público precisa oferecer. Ou seja, tira-se do público para que o privado possa ofertar e esse governo golpista obviamente vai querer dar dinheiro à iniciativa privada por meio dessa compra de vagas. É isso que está em jogo”, analisou.

“Decidimos pela paralisação em união com os trabalhadores brasileiros. São 25 campis onde estamos articulando e em todos eles teremos denúncias do grau de ataque esse governo ilegítimo tem patrocinado contra os trabalhadores, mas sem dúvida alguma, um ataque à sociedade brasileira”, afirmou o professor Nilton Brandão , diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Educação Básica, Técnica e Tecnológica do Paraná (Sindiedutec).

Sobre o ensino superior, o diretor do Sindicato dos Técnicos da Universidade Federal do Paraná, Carlos Pegurski, avalia que as medidas prejudicam o papel social da instituição. “Acreditamos que ensino, pesquisa e extensão ficarão profundamente prejudicadas. Sobretudo a pesquisa e a universidade deveria ter papel estratégico para o País, pensando alternativas de pensar num caminho do País sair da crise. Esse papel que a universidade deveria cumprir para nosso futuro deixará de ser cumprido”, criticou.

Foto: Leandro Taques/Jornalistas Livres
Foto: Leandro Taques/Jornalistas Livres

Ocupações – Os secundaristas e estudantes também participaram da greve. No Paraná nasceu o movimento de ocupações de escolas contra a PEC 55 e a MP 726, que reforma o ensino médio. No auge, mais de mil escolas estiveram ocupadas. Para eles, o futuro está em jogo. “Sou estudante de farmácia e estou participando porque entendo que a intenção desse governo é transferir dinheiro público como medicamentos para a iniciativa privada. A gente quer uma saúde e educação públicas”, diz afirmou um aluno da Universidade Federal do Paraná que preferiu não ser identificado.

Um dos coordenadores da frente CWB Contra Temer, o empresário Fernando López, recordou o discurso da secundarista Ana Júlia para ampliar o entendimento do espaço público. “A nossa companheirinha Ana Júlia perguntou na Assembleia de quem é a escola pública? Essa pergunta serve para toda a classe trabalhadora. De quem é esse país? Não é do sistema financeiro. Não é dos patrões. É dos trabalhadores”, afirmou ao lembrar que a mobilização desta noite foi a 19ª realizada pela CWB Contra Temer.

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