A maior liderança popular do Brasil ignorou as manifestações gigantes do dia 29 de maio. Nenhuma palavra. Nenhum alento.
Nas redes sociais do Lula, silêncio.
As manifestações contra Bolsonaro mostraram que o povo quer lutar.
Porque percebeu que Bolsonaro é pior do que o vírus da Covid.
Percebeu que o genocida mata, ofende, destrói, queima o futuro, esteriliza a esperança de todos.
Então, fomos obrigados a enfrentar o medo da pandemia. Fomos obrigados a ir para as ruas dizer que chega disso. E tem que ser já!
Mas Lula não foi. Não mandou um beijo. E nem aquele abraço!
Ah, mas o Lula tem 75 anos. É grupo de risco!
Sim.
Mas o fato de estar no grupo de risco não o deixa mudo.
Lula não foi, não falou e seu silêncio foi ensurdecedor.
O homem que inflamou o povo contra a Ditadura Militar, cadê ele?
O sumiço de Lula não foi por considerações sanitárias, porque o povo estaria se aglomerando, por falta de distanciamento social, de máscaras e álcool. Até porque todos estávamos respeitando esses protocolos.
Contra o impeachment
Lula já disse em verso e prosa que é contra o impeachment de Bolsonaro. Que não há tempo para isso, que temos de aturar Bolsonaro até 2022, ano de novas eleições. Que é preciso fazer Bolsonaro “sangrar” até lá.
No começo de maio, Lula foi a Brasília, onde se encontrou com notórios assassinos da Democracia, como Rodrigo Maia, Gilberto Kassab e José Sarney, que apoiaram o impeachment da única mulher eleita presidenta da História do Brasil. Uma mulher honrada. Lula fez-se fotografar com eles.
Lula com FHC: que frente é essa, sem o povo? Lula com FHC, Kassab e Sarney: Que frente é essa, sem o povo? Lula com FHC, Kassab e Sarney: Que frente é essa, sem o povo?
Mais recentemente, outro retrato: Lula com Fernando Henrique Cardoso, outro golpista, além de invejoso, como todos sabem —até o concreto armado de Niemeyer.
É preciso uma frente para derrotar Bolsonaro, disso ninguém duvida.
Mas o silêncio de Lula no dia 29 de maio grita.
A maior liderança popular do Brasil não pode entrar no conchavo de costas para o povo que o levou até a Presidência.
Na avenida Paulista, ontem, havia uma multidão de jovens e de velhos orgulhosos, trajando camisetas vermelhas, com o rosto de Lula. Gente que lutou pela liberdade dele. E que se dispôs a enfrentar o arbítrio e a perseguição política para fazer Justiça ao operário martirizado.
A esses fortes, Lula não endereçou um pio.
Como seria bom se Lula escutasse o que falou Guilherme Boulos (PSOL), do alto do carro de som na avenida Paulista lotada: “Estamos nas ruas para defender a Vida. Não esperaremos sentados até 2022. Aqui, é só o começo!”
Foi só o começo mesmo. E foi lindo demais, apesar do mutismo de Lula.
Guilherme Boulos no ato do dia 29. Foi gigante! Mesmo sem Lula – Foto: Hélio Carlos Mello
Este artigo não reflete necessariamente a opinião dos Jornalistas Livres