Pelo menos três deputados estaduais pediram ao Conselho de Ética da Alesp (Assembléia Legislativa de São Paulo) a cassação do mandato de Douglas Garcia por quebra de decoro, nesta quarta-feira (14). A solicitação foi motivada pela postura do parlamentar após debate do UOL, quando Garcia, que fazia parte da comitiva de Tarcísio de Freitas (Republicanos), atacou a jornalista Vera Magalhães.
Por: Dani Alvarenga
Após o término do programa, que ocorreu na terça-feira (13), o candidato a deputado federal ligou o celular e foi para cima da repórter afirmando que ela era “uma vergonha para o jornalismo”, reproduzindo a fala de Jair Bolsonaro contra a Vera Magalhães no debate da Band, e questionou o valor do seu contrato de trabalho. O apresentador do debate, Leão Serva, intercedeu e tirou o celular da mão de Douglas Garcia, que então começou a gritar “jornazistas”, enquanto era retirado do local pelos seguranças. No Twitter, Vera Magalhães afirmou que irá registrar boletim de ocorrência contra ele.
Com a repercussão do ataque, o deputado Emidio de Souza (PT) apresentou pedido de cassação do mandato do deputado nesta manhã. Além dele, as deputadas Monica da Mandata Ativista (PSOL) e Isa Penna (PCdoB) também protocolaram solicitações contra Douglas Garcia. Monica chegou a dizer que ele premeditou os ataques à jornalista, pois, às 21h19, fez um tweet perguntando se Vera Magalhães estaria no evento.
A deputada Maria Lucia Amary (PSDB), presidente do Conselho de Ética da Alesp, confirmou o recebimento das ações e afirmou que dará andamento ao processo contra Douglas Garcia. Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato a governador de São Paulo, repudiou a postura do deputado e chegou a ligar para a jornalista e se desculpar pelo ocorrido. Além disso, afirmou que “não acharia um absurdo” caso Douglas Garcia fosse expulso do partido e também disse que acha “ótimo” que ele tenha o mandato cassado. Tarcísio de Freitas, no entanto, é candidato de Jair Bolsonaro para o governo do estado paulistano.
Essa não é a primeira polêmica em que o deputado se envolveu. Nesta quarta-feira (14), a Justiça paulista determinou o bloqueio das contas bancárias de Douglas Garcia. A decisão foi em decorrência de o parlamentar não ter pago multas de indenização O deputado foi condenado por liberar um dossiê, no qual expôs dados pessoais de cerca de mil cidadãos ligados ao movimento antifacista. Em suas redes, Douglas Garcia disse que os indivíduos listados eram “terroristas e criminosos”.
Por não pagar o valor das indenizações, a Justiça pediu que as contas do deputado fossem bloqueadas. No entanto, não foi encontrado sequer um real. Douglas Garcia ainda responde por, pelo menos, 40 outros processos por conta do dossiê.