Fiquei pensando durante a semana toda que a bomba explodiria na madrugada. Acordei recordando aquilo que voa, fada ou se ainda passarinho haveria, voando livre como é de hábito a seres assim fazer.
Aprendi a palavra bomba junto com a pomba, pois recordo que estava no colo de meu pai, neném ainda e via pombas na praça, de repente uns rojões, coisas que os políticos adoram em inaugurações, e pombas voaram. Sempre que penso bomba penso nos pássaros, como em trovões voam antes da chuva naquilo que as aves assustam. Sei também que beija-flor é passarinho que em sonho se vê, um espírito das lendas indígenas, mostrando o fugaz nos mundos e meandros, todos os infortúnios de gente ser .
Voam passarinhos depois de bombas nucleares, luminosas, que imitam o sol nos dias, mesmo noite sendo? Passarinho ou passarão?
Creio que não, nem passarinho, nem mariposa, nem abelhas voam. Será como uma manhã da morte das fadas, depois da bomba peixes voarão com os passarinhos, borboletas e peixes habitarão a matéria demente dos homens extintos, aquilo que faz brilhar em likes and dislikes, numa explosão atômica do tesão insano, que no capital incide. Uma nova era e ordem, o século XXI talvez nem seja luz, noite de lua cheia deve ser a rede que anuncia-se.
Sei que junto com a bomba, sua luz escura , vem toda diáspora do saber a quem carrega o boi morto. Fato de passarinhos, mulheres, pois a vilania recai em quem voa, o peso dos homens somos, os engravatados dos parlamentos. Lamento tanto.
Na bomba, como o sol que brilha em cima da gente, disparamos contra aquilo que voa, ser livre é um enigma ainda, quase uma violência, voar é uma pena.
Faz noite e canta? Nem coruja ou curiango haverá.