Criminalização e ação desproporcional da PF do Pará prende líder indígena Poró Borari

 

Um ato em pleno Dia Internacional do Povos Indíginas (09/08) em defesa da melhoria das condições de saúde de 13 comunidades Indígenas do Pará resultou na prisão do líder indígena Poró Borari. Sem provas, a Polícia Federal alegou “cárcere privado” de funcionários da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai ), onde ocorreu a manifestação. Um vídeo do protesto, no entanto, demonstra que não houve nenhum tipo de ação violenta ou cárcere privado (assista abaixo).

 

 

Apesar de vários celulares terem sido confiscados, algumas imagens puderam ser preservadas para comprovar que ­– diferente do que foi veiculado em alguns jornais locais e nacionais ­– a ação da polícia foi desproporcional.

De acordo com os manifestantes, um grupo composto por 13 etnias ocupou pacificamente a Sesai. Eles reivindicam o cadastramento dos indígenas no Sistema Único de Saúde (SUS). A falta desse cadastro dificulta o acesso ao direito a tratamentos e consultas médicas.

Veja também este vídeo de Carlos de Matos Bandeira

 

Poró Borari era um dos representantes presentes no ato. Ele é uma liderança e luta pela demarcação da terra índígena Maró. Sua luta se intensificou com a campanha “Somos Terra Indígena Maró”, em 2015. Na época, com apoio dos movimentos sociais, outros povos tradicionais, organizações e a Procuradoria Federal do Pará, os Maró conseguiram anular uma sentença que dizia não existir indígenas no local onde estavam instalados. A decisão anterior era contrária ao relatório produzido pela própria Funai, que identificou e delimitou a área, sob o fundamento de que ali de fato vivem indígenas das etnias Arapium e Borari.

Representante de uma geração de jovens indígenas que podem se beneficiar das políticas de cotas, Poró Borari ingressou na Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA). O acesso à educação o fez unir conhecimentos tradicionais dos seus antepassados à luta pelos direitos das comunidades indígenas. A resistência e a auto-afirmação da identidade indígena são as bandeiras do líder que foi preso durante a manifestação.

Na terra indígena Maró vivem cerca de 240 famílias que reivindicam a demarcação do território, que tem uma área de 42.373 hectares cercada por interesses madeireiros por todos os lados.

Depois da ação policial desproporcional (como se pode ver no vídeo) e que criminaliza sem provas o líder indígena, a população e membros do MPF fizeram uma vigília na porta da Polícia Federal reivindicando que Poró Borari fosse solto. Embora tendo sido liberado, hoje 10/08, ele vai responder um processo criminal.

 

Abaixo, vídeo mostra a participação de Poró e Dadá Borari na Mobilização Nacional Indígena de abril de 2015, contra a PEC 215, das demarcações indígenas. Dadá Borari também está respondendo a processo criminal.

 

 

Leia mais também em:

http://www.tapajosvivo.org.br/

http://terradedireitos.org.br/

http://www.fase.org.br

COMENTÁRIOS

POSTS RELACIONADOS