Craque dentro e fora do campo

O centroavante Richarlison ganhou cerca de 4 milhões de seguidores em seu Instagram após fazer os dois gols na vitória do Brasil contra a Sérvia. Um deles uma verdadeira pintura, um golaço de craque.

O voo do pombo Richarlison no segundo gol do Brasil contra a Sérvia é daqueles momentos onde qualquer pessoa irá se lembrar onde estava quando viu o voleio do camisa 9 da seleção. Um instante mágico, uma pintura que já está no Louvre do futebol Mundial.

Mas Richarlison é muito mais do que futebol. O jovem capixaba de 25 anos, que foi vítima de racismo dentro de campo quando atiraram uma banana em sua direção num amistoso entre Brasil e Tunísia, na França, disse na ocasião:

“Enquanto ficarem de “blá blá blá” e não punirem, vai continuar assim, acontecendo todos os dias e por todos os cantos. Sem tempo, irmão! Racismo não”.

Precisa dizer mais sobre um dos poucos jogadores da seleção a não esconder seu posicionamento político?

Paga seus impostos, tem um processo contra o senador Flávio Bolsonaro, fez campanha pela vacinação contra a Covid, combateu o negacionismo e se tornou embaixador da USP Vida, programa de pesquisa para desenvolver vacinas, respiradores e outros projetos de combate à Covid.

O ídolo do Tottenham, milionário, não se esquece de suas origens. Ao contrário do bolsominion Neymar, que fez vídeo a favor de um extremista de direita, responsável direto pela morte de quase 700 mil pessoas na pandemia, o Pombo já disse:

“É um direito básico ter comida na mesa, saúde, educação e moradia. Eu me posiciono e mostro a minha indignação pelo mínimo de dignidade e igualdade para todos os brasileiros que não tiveram a mesma sorte que eu”.

Em entrevista para Ancelmo Góis em dezembro de 2020, sintetizou: “Li numa matéria que 75% da população pobre é preta, e que 76% das pessoas mortas todos os anos também são pretas. Coincidência? Não precisa ser o rei da matemática para concluir o óbvio.”

É isso aí, Richarlison! Siga sendo um herdeiro legítimo de craques de outras épocas, como Sócrates, Reinaldo, Casagrande, Juninho Pernambucano… Enquanto houver uma pessoa sem moradia, acesso a saúde e educação, e passando fome num país tão rico como o Brasil, não há tempo a perder. A luta continua.

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