Em frente a crianças, Damares Alves, ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos e recém-eleita senadora pelo Distrito Federal (DF), disse em um culto religioso que o governo federal recebeu denúncias sobre tráfico sexual infantil, com crianças tendo seus “dentes arrancados para não morderem na hora do sexo oral”. A declaração foi feita na Assembleia de Deus Ministério Fama, em Goiás, e contou a presença de Michelle Bolsonaro.
O caso relatado pela ex-ministra teria acontecido na ilha de Marajó, no estado do Pará. Na gravação compartilhada nas redes sociais, Damares conta que possui “imagens de crianças de 4 anos, 3 anos que, quando cruzam as fronteiras, têm seus dentes arrancados para não morderem na hora do sexo oral”. Ela ainda adiciona: “nós descobrimos que essas crianças comem comida pastosa para o intestino ficar livre para a hora do sexo anal”. A senadora, que é contra a implementação de educação sexual nas escolas, discursou sobre exploração sexual infantil em frente a uma plateia que continha crianças e jovens.
As perguntas que devem ser feitas são: se Damares sabia desses fatos gravíssimos, por que não tomou providências no Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, que chefiava? Por que não acionou a Polícia Federal, que é quem deve intervir em questões indígenas e de tráfico de seres humanos transnacional? Por que não comunicou a Funai? Há várias respostas a essas três questões: porque Damares é uma mentirosa! Por que é obcecada por sexo anormal. Porque é obcecada por pedofilia. Porque é tarada. Ela gosta de projetar as suas fantasias sexuais nos seus adversários políticos.
Damares e o roubo de uma criança indígena
Uma reportagem da revista ÉPOCA, publicada em 2019, revelou o processo de adoção ilegal de uma criança indígena por Damares. A menina, que hoje tem 20 anos, nasceu em uma aldeia Kamaiurá, no Parque do Xingu e foi levada com 6 anos para fazer um reparo dentário, mas nunca mais retornou para casa. “Chorei e Lulu estava chorando também por deixar a avó. Márcia levou na marra. Disse que ia mandar de volta, que quando entrasse de férias ia mandar aqui. Cadê?” relata sua avó, Tanumakaru. Múltiplos relatos escancaram a inexistência de um processo legal de adoção e a retirada irregular da garota da aldeia.
Damares costumava dizer que Lulu, como é chamada, era sua filha adotiva e que a tinha resgatado da escravidão e do sacrifício. “Quero mostrar para vocês uma menina de 6 anos, que foi escravizada na sua aldeia e tem uma história terrível. Mas eu não vou contar a história não, porque esta é minha filha. Eu quero mostrar como está a minha filha hoje: a cara da mãe” colocou a ex-ministra, em 2013. Quando procurada pela ÉPOCA, Damares mudou sua versão. Em nota, a senadora disse que “é uma cuidadora de Lulu e a considera uma filha. Como não se trata de um processo de adoção, e sim um vínculo sócio-afetivo, os requisitos citados pela reportagem não se aplicam”.
Fundadora da ONG de tráfico infantil indígena
Em 2018, foi revelado que a ONG missionária Atine – Voz Pela Vida, fundada por Damares Alves em 2006, estava envolvida em casos de roubo de crianças indígenas de suas mães. A organização é acusada de promover tráfico e exploração sexual sob uma fachada humanitária de luta contra o infanticídio indígena. De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, um dos casos, que corre em segredo de Justiça em uma vara federal em Volta Redonda (RJ), envolve uma menina Sateré-Mawé de 16 anos, que teve seu bebê levado. De acordo com depoimentos, a garota havia sido conduzida a uma chácara da Atine, no ano de 2010. Lá, ela engravidou de um rapaz de outra comunidade.
Segundo a ONG, a menina “portava transtornos mentais e possuía histórico de maus-tratos pelos pais, o que teria motivado a ONG a retirá-la do convívio com os índios”. Dessa forma, a criança foi retirada de sua tutela após supostas alegações de que a garota teria “atentado contra a vida da filha por duas vezes”. O Ministério Público pediu pelo retorno do bebê para a mãe, que voltou à sua comunidade no Amazonas. Hoje, a criança está sob tutela provisória do irmão de Márcia Suzuki, uma das donas da Atine.
De acordo com os procuradores do caso, a história “foi retorcida e distorcida até fazer parecer uma adoção comum de uma criança vulnerável de mãe incapaz por um casal de classe média de Volta Redonda. […][E é] mais um exemplo da atuação sistemática desses grupos missionários contra os povos indígenas e seus modos de vida, com o fim de fazer valer unilateralmente a concepção daqueles sobre a destes”.
Márcia Suzuki já foi acusada de adoção irregular e tráfico de crianças. Junto com seu marido, Edson Suzuki, e a serviço do projeto Jovens Por Uma Missão (Jocum), o casal de missionários retirou Muwaji e Inikiru, ambas de etnia Zuruahã, de suas aldeias quando eram ainda pequenas. Hoje em dia, evangelizada, Inikiru diz vir “de um povo isolado, onde eles cometem suicídios por falta de esperança” e alega que seu povo “vai ser resgatado pela palavra da verdade do Evangelho”. Vale destacar que o Jocum já foi expulso do território indígena Zuruahã pelo Ministério Público Federal sob justificativa de “atividades proselitistas e discriminatórias”.