Com a morte de Charlie Watts, fim dos Rolling Stones pode virar uma realidade

Baterista Charlie Watts deixou sua assinatura única em clássicos como “Satisfaction” e “Sympathy For The Devil”
Charlie Watts (1941-2021): o batimento cardíaco dos Rolling Stones
Charlie Watts (1941-2021): o batimento cardíaco dos Rolling Stones

Há 19 dias, quando Charlie Watts anunciou que não estaria na turnê norte-americana após uma cirurgia, e que seria substituído pelo amigo Steve Jordan, os fãs logo ficaram apreensivos porque sabem que os Rolling Stones não são os Rolling Stones com uma peça faltando. Nenhum dos integrantes é substituível porque são personalidades únicas e, com a morte do baterista, nesta terça-feira (24), o fim da maior banda de rock do mundo pode virar uma realidade cruel.

Por Frida Lee*

Nos acostumamos com a ideia de que os Rolling Stones são imortais, até que nos deparamos com a dura realidade da finitude. Charlie Watts era tão distinto dos demais integrantes da banda, que ninguém diria que aquele homem elegante e bem apessoado era o baterista da banda mais arruaceira do rock. E era conhecido como um cavalheiro, um verdadeiro “gentleman”.

Apesar disso, foi ele quem se irritou profundamente com Mick Jagger durante uma turnê nos anos 1980. Embriagado, Jagger telefonou para seu quarto de hotel perguntando: “onde está meu baterista?”

Charlie desligou, vestiu seu terno, gravata e um par de sapatos novos, foi até o quarto de Jagger, lhe deu um soco e disse: “Nunca mais me chame de seu baterista. Você é que é meu vocalista.”

O baterista dos Stones era fã declarado de jazz e nunca se encaixou no perfil pegador da banda. Era casado com Shirley Ann Shepherd desde 1964 e com ela teve uma filha, Seraphina Watts.

Mas quando se sentava na bateria, Charlie impunha o ritmo à banda a que ele se uniu em 1963, criando um estilo próprio, refinado e difícil de se imitar. E isso fez os Stones terem uma personalidade única e, assim, conquistarem o panteão do rock. Eles se tornaram lendas, deuses, imortais.

Discreto, Charlie tinha uma pegada firme na bateria. E ele deixou sua assinatura única em clássicos como “Satisfaction”, “Paint It, Black”, “Sympathy For The Devil” e “Jumpin’ Jack Flash”.

A vida familiar agradava a Charlie, assim como seus cavalos de raça. E, claro, o jazz. Em paralelo à maior banda de rock do mundo, o baterista seguia fazendo shows mais “sua cara” com a The Charlie Watts Orchestra.

É preciso ver quais serão os próximos passos dos Rolling Stones, mas sem dúvidas se você nunca viu um show deles, perdeu a chance de presenciar o maior espetáculo da Terra. E Charlie Watts era um dos protagonistas. Mensagens não lidas.

*Frida Lee é jornalista de cultura e fã incondicional da banda

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