Com a corda no pescoço, Bolsonaro rifa planos de Guedes para tentar se salvar

Quanto mais ela aperta, mais o genocida recorre à "velha política", e se apoia no "toma lá, dá cá" do Centrão. Combate à corrupção? Só de mentirinha
Jair Bolsonaro é um especialista em mortes - Foto Facebook
Jair Bolsonaro é um especialista em mortes - Foto Facebook

Os incautos, direitistas, desinformados pelas fake news e os simplesmente sequiosos de engordar seus cofres correram às urnas para votar numa fraude em 2018. Vestiram a fantasia de romper com a “velha política”, abater a corrupção, modernizar o Brasil. Lançaram mão da maior máquina de mídia já vista em operação no país. Dinheiro sujo a rodo que apenas o Tribunal Superior Eleitoral e o STF não enxergam. Para desespero destes vermes, a história não segue uma linha reta. O castelo de cartas marcadas despencou de vez com uma pandemia que abriu os olhos do planeta.

Por Ricardo Melo*

Nunca em um século as desigualdades emergiram com tanta força. Centenas de milhares de cadáveres tingem de sangue as maravilhas do “neo-liberalismo” auto considerado vitorioso. A destruição dos sistemas públicos de saúde em prol da ganância privada cobra seu preço na forma de caminhões frigoríficos para transportar o povo pobre rumo a covas.

Bolsonaro é a imagem desta época. Queria “30 mil mortos” para limpar o país. Já conseguiu quase o triplo disto –já são mais de 80 mil. Não como ele gostaria, à bala e sangue frio. Usou as circunstâncias para sabotar providências contra uma pandemia. Pior: ao estimular o desprezo diante dos perigos da doença, o facínora deve estar vibrando com os resultados.

Ocorre que a corda está apertando muito depressa. O novo partido do militar expulso do Exército não conseguiu nem sequer 3% das assinaturas necessárias para se viabilizar. Entre elas, centenas de mortos transformados em eleitores. Mais uma fraude entre tantas. Especialidade da casa.

Mas Bolsonaro mostra mais uma vez que é o que sempre foi. O defensor da “nova política” agora articula alianças com o que há de mais indigente no Congresso. Seu objetivo é claro como a luz do sol. Impedir que as dezenas de processos de impeachment evoluam no Parlamento. Para isso, destaque-se, conta com a complacência de Rodrigo Maia, na verdade um aliado que de vez em quando finge ser adversário. O bom e velho “Botafogo” das planilhas da Odebrecht sempre mata no peito.

Quem quer se iludir, que se iluda. Não estou entre estes. Bolsonaro balança no cadafalso. Até Donald Trump, o deus do capitão expulso do Exército, percebeu que sua leniência diante da pandemia derrete suas chances eleitorais. Num giro de 180 graus, o americano resolveu até defender o uso de máscaras frente ao avanço do coronavírus.

Bolsonaro agora fala em liberar verbas e mais verbas de auxílio emergencial, engordar soldos de militares, afagar políticos e juízes desmoralizados, embora seu posto Ipiranga só pense em privatizar de estatais a creches. Por uma razão muito simples: entre sua sobrevivência e de sua família miliciana e o chicaguismo de Guedes, adivinhe de que lado ele estará? “Para os meus filhos, sempre vou separar o filé mignon”, já disse o militar desterrado.

A primeira votação do Fundeb impôs uma derrota acachapante aos planos de Bolsoguedes, A dupla queria esvaziar o fundo e usar recursos da educação para manobras assistencialistas atrás de votos. Mexer na farra do capital financeiro, nem pensar. Pelo menos este crime foi contido. Bolsonaro esqueceu que, se ele quer votos, o centrão, sua nova paixão, também quer. Os deputados não iriam cometer o suicídio de tirar dinheiro de estados e municípios que compõem sua base eleitoral para alimentar as manobras assistencialistas do capitão. Política é um pouco mais complicado que planejar a explosão de quartéis e adutoras como fazia o capitão expulso do Exército.

*Ricardo Melo, jornalista, foi editor-executivo do Diário de S. Paulo, chefe de redação do Jornal da Tarde (quando ganhou o Prêmio Esso de criação gráfica) e editor da revista Brasil Investe do jornal Valor Econômico, além de repórter especial da Revista Exame e colunista do jornal Folha de S. Paulo. Na televisão, trabalhou como chefe de redação do SBT e como diretor-executivo do Jornal da Band (Rede Bandeirantes) e editor-chefe do Jornal da Globo (Rede Globo). Presidiu a EBC por indicação da presidenta Dilma Rousseff.

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