Cerca de 15 mil mulheres se reúnem na Paulista contra a cultura do estupro

Fotos: Fernando Sato e Mariana Martucci

Nesta quarta-feira (1), mulheres se reuniram no Masp para protestar pelo fim da cultura do estupro. Uma jovem de 16 anos foi estuprada por 33 homens no Rio de Janeiro e apareceu em um vídeo após o crime. Isso fez com que atos espalhados por várias cidades recebessem o nome de “Por Todas Elas”.

Elas, as mulheres que são vítimas de estupro todos os dias no Brasil.

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Logo na concentração, mulheres explicaram como a cultura do estupro se manifesta em ações que, a princípio, parecem inofensivas, como uma cantada na rua, mas que são extremamente nocivas para a sociedade e para a vida das mulheres. O fato de a mulher ser sempre silenciada e a objetificação do sexo feminino são outros exemplos, talvez mais grave, ou não.

Com cerca de 15 mil pessoas, a marcha em direção à praça Roosevelt começou às 17h10. Mães e filhos se posicionaram na linha de frente, enquanto um cordão de jovens as protegiam.

Pautas urgentes, como a saída do governo golpista Michel Temer e a legalização do aborto foram levantadas. Eduardo Cunha e a Polícia Militar do Estado de São Paulo também foram lembrados como sendo contrários aos direitos das manifestantes.

O ato seguiu pacífico até o final. Porém, na esquina da avenida Paulista com a rua Augusta, policiais do Choque não deixaram as manifestantes seguirem até a Consolação. Algumas optaram, então, por seguir pela Augusta, outras ficaram pela Paulista. Não houve confronto. Algumas mulheres entenderam que a ação da polícia foi para evitar que o ato se unificasse com a ocupação realizada pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) na sede da Secretaria da Presidência da República. O fato de a maioria dos policiais ali serem homens não agradou às mulheres.

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Em repúdio à PM, jovens promoveram um “beijaço” na frente do Choque.

Durante todo o ato, as mulheres gritaram palavras de ordem como “mexeu com uma, mexeu com todas”, “nós somos livres” e “a culpa nunca é da vítima”. Em vários momentos, em forma de jogral, elas fizeram uma contagem regressiva de 33 até zero, se mostrarando solidárias à irmã vítima do estupro coletivo.

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Ao chegar ao destino do ato, por volta das 19h50, mesmo com chuva, mulheres continuaram a gritar contra a cultura do estupro e o machismo. O ato começou a dispersar por volta das 20h30, com mulheres indo até o metrô mandando o recado: “Se cuida seu machista, a América Latina vai ser toda feminista”.

por Jornalistas Livres

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Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornalistas Livres

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