Casa de Referência da Mulher é invadida e depredada em São Paulo

É a quarta invasão no ano; materiais para reforma do espaço foram roubados

A Casa de Referência para Mulheres Laudelina Campos de Melo, no Canindé em São Paulo, foi invadida nesta madrugada, dia 20. É a quarta vez somente neste ano. A casa é a quarta ocupação de mulheres da América Latina e uma das dez ocupações do movimento de mulheres Olga Benário.

“A gente tem visto características de intimidação. De sujarem nosso espaço, de revirarem as coisas. E isso tem um custo muito alto ja que toda vez que nós precisamos refazer. Em julho nessa última invasão eles levaram os fios da elétrica que iam ser instalados no segundo andar” conta Julia Soares, coordenadora do espaço.

Foi em janeiro de 2021 que a casa foi ocupada pelo movimento e desde o começo já tem servido para o atendimentos das mulheres. Contando com ajuda de militantes e técnicas que atuam como advogadas, assistente sociais e psicólogas, a estimativa é de que já foram realizados mais de 150 atendimentos. O funcionamento é de segunda as sexta, das 12h30 às 18h.

A ocupação, como é costume do movimento, tenta dar vida para um imóvel que passou os últimos trinta anos abandonado, acumulado lixo. Assim, nos últimos meses, várias militantes que fazem parte da ocupação tem preparado mutirões para deixar a casa em condições de melhor atender as demandas da região, que com a pandemia, viu crescer as famílias em moradias precárias e em situação de rua. Todo domingo esse momentos de reconstrução tem acontecido, sem atrapalhar os atendimentos.

Mas se a busca por tornar o espaço abandonado em lugar de atendimento já não fosse difícil o suficiente, também tem que lidar com a depredação. “As últimas invasões aconteceram no fim de fevereiro e começo de março e enfim estamos agora na correria pra dar conta de arrecadar o dinheiro deste conserto” conta Soares.

E mesmo sofrendo com os ataques, a casa também funciona como espaço de organização das mulheres e de cultura popular, oferecendo atividades para crianças e voltadas ao bairro, como cursos, formações e oficinas.

Resistência, assim pode-se entender a história da ocupação, que não por acaso homenageia a Laudelina de Campos Melo, uma trabalhadora negra que se organizou no PCB (Partido Comunista Brasileiro) e fundou o primeiro sindicato de trabalhadoras domésticas no país.

Por isso a casa segue, enfrentando as condições que precisa, e planejando fazer a reinauguração do espaço. Para isso estão organizando uma campanha. “Temos pedido materiais para conseguir refazer a porta que é R$ 700 e estamos correndo atrás disso além da estimativa que a gente já tinha que era uns dez mil reais pra conseguir garantir o básico do funcionamento da casa. Temos recebido doações por Pix, mas indo até a casa, estando com a gente, ajudando nessas atividades também conta” conclui Julia.

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