Cartunista dá cartão vermelho para BRT baiano

Audiência pública foi realizada nessa terça-feira no Ministério Público

 

Depoimento de Cau Gomez

“Sou cartunista mineiro, radicado em Salvador há mais de 20 anos, e que sempre paga muitos impostos por aqui (IPTU, ISS, TFF, IPVA e muitos outros mais). Resolvi ir nessa terça-feira à audiência pública que aconteceu no Ministério Público do Estado da Bahia, que discutiu o projeto do BRT, que poderá ser implantado sobre os rios da avenida ACM, a fim de conhecer o outro lado e ouvir as informações oriundas da Prefeitura de Salvador.

A audiência, que tinha como objetivo esclarecer publicamente os pontos de tensão causados pela desinformação da própria gestão municipal e, principalmente, pelo corte de belíssimas e frondosas árvores, algumas centenárias, na fase inicial de implantação do modal de transporte, na Av. ACM. Foram aproximadamente quatro horas de embates acalorados, onde pude ouvir a versão oficial de um projeto que cheira ao desperdício de tempo e energia, em todos os sentidos. Uma proposta de mobilidade urbana dispendiosa e que não previa alternativas até então.

Os participantes, na maioria professores, ambientalistas, engenheiros, urbanistas, ativistas ambientais, estudiosos, jornalistas, advogados, promotores de Justiça e outros cidadãos contrários à imposição da vontade do prefeito ACM Neto, conseguiram um coro muito interessante para ampliar as minhas suspeitas relativas a vários pontos nebulosos da implantação do BRT. Detectei inúmeras questões negativas na proposta oficial: não houve publicidade antecipada do projeto nem consulta aberta à população; os custos da obra são exorbitantes; as árvores centenárias deixarão de existir; e os canais onde escoam os rios urbanos serão tamponados, piorando o clima da cidade e os intermináveis alagamentos a quaisquer dois minutos de chuva. E, por fim, os grandes ganhadores desse caos urbano serão as empreiteiras e o transporte individual. Mais carros circulando nas ruas, poluindo o ambiente, e menos linhas de ônibus – que já foram gradativamente retiradas desde a implementação das estações do metrô – para interligar a população aos futuros terminais do BRT e do metrô.

É preciso repensar sustentavelmente uma alternativa complementar que proporcione realmente eficiência à mobilidade urbana na região metropolitana da capital baiana, e para todos os cidadãos.”

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