Cartas da Resistência: celebrar a humanidade e nossos direitos

 

“Não serei o poeta de um mundo caduco
Também não cantarei o mundo futuro
Estou preso à vida e olho meus companheiros

Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças
Entre eles, considero a enorme realidade
O presente é tão grande, não nos afastemos
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas”

Mãos Dadas- Carlos Drummond de Andrade

 

Queridos e queridas,

É tempo de celebrar a humanidade e nossos direitos.

Dia 10 de dezembro será o momento de dizer que somos humanos e que  amamos profundamente  nossos irmãos e irmãs.Também nos importamos se não tem teto para viver, se não tem comida, se tem sede de justiça, ou fome de esperança e de tempos melhores. Se perderem o direito de falar o que pensam, ou se tiraram seus direitos trabalhistas e seu salário diminui ou se está desempregado.

A felicidade não anda sozinha e sempre está acompanhada pelo bem que fazemos aos outros.

Nestes tempos em que é revolucionário dizer que queremos trabalho e direitos ao mesmo tempo.

Em que lutar para defender o direito de ser e pensar diferente é uma enorme ousadia.

E triste andar pela cidade e ver tanta miséria, especialmente quando sabemos que há poucos anos atrás isto não era assim.

Entre esperanças e desesperanças, levantamos todos os dias sabendo que temos que cultivar a humanidade em tempos em que a desumanidade e  a brutalidade reina.

O Dia 10 de dezembro carrega uma tradição de luta das revoluções burguesas por direitos e igualdade, pois  afinal dizem que pela lei somos todos iguais, mas sabemos que a nobreza de sangue deu lugar a nobreza do dinheiro.

Os seres humanos sabem que precisam muito mais que a lei para garantir a liberdade e a igualdade,  e que para milhões isto é mais uma miragem que realidade, visto que não tem casa, trabalho e se quer o que comer.

A declaração dos direitos humanos foi criada no pós segunda guerra mundial, quando a destruição causada pela guerra, a brutalidade e a morte eram muito presentes na memória de uma geração. Neste momento, se toma a consciência que não basta a igualdade somente perante a lei, mas criar condições para que os homens sejam de fato iguais e assim tenham moradia, superam a fome, recuperem o brilho nos olhos de viver em tempos de reconstruir suas vidas e seus países.

Com o fim da União Soviética e o inicio do neoliberalismo vivemos o fim do reino da igualdade e temos o tempo em que os ricos querem ser cada vez mais ricos e tiram cada vez mais os direitos duramente conquistados pelos pobres.

Vivemos este tempo em que os ricos iniciaram uma cruzada contra aqueles que defendem a terrível idéia da igualdade entre os homens e mulheres, que condenam milhões a miséria, não aceitam a diversidade e pluralidade e destroem sem piedade as bases sociais da democracia.

Por isso, a nossa democracia atualmente se assemelha cada vez mais com uma ditadura, em que direitos viram miragem, em que a igualdade de fato é negada a milhões.

Nestes tempos, meus querido(a)s temos de ter coragem e lutar com sabedoria.Temos que resgatar duas armas que serão importantes nestes tempos sombrios: os 70 anos das declarações do Direitos do Homem e os 30 anos da Constituição Federal.

Agora cabe lutar, lutar e lutar para sermos tratados como gente, de ser humano e ter direitos.

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