Por Adelita Monteiro*
A gente cresce ouvindo que política não se discute. E esse “ditadinho” repetido mil vezes nos tira o direito de compreender que não há mudança fora da política, afinal tudo está dentro dela. Isso tem me movido nos últimos 25 anos, quando, aos 15 anos, comecei minha militância nos movimentos popular e da Igreja, na periferia de Fortaleza. Para mim, queridos, a política só se justifica se for para mudar para melhor a vida das pessoas.
Por essas e por outras razões, não há espaço para meio-termo, para atalhos, para mediações. Toda oportunidade para transformar nossa vida enquanto povo, em especial daqueles que mais dependem de políticas públicas, precisa ser aproveitada em toda sua potencialidade. Esse é o dever de quem é de esquerda, essa é a principal tarefa de dirigentes socialistas e libertários.
Pois, nesse exato momento, valiosas oportunidades de construir esta transformação estão se apresentando, e o mínimo que posso fazer é defender uma conduta baseada na maturidade que se impõe a quem tem disposição de seguir uma leitura concreta da situação real pela qual passa nosso país.
Não há justificativa para o egoísmo, para mesquinharias, para a política pequena. Não tenho talento para alecrim dourado enquanto o fascismo cresce e o povo acorda sem comida no prato. O tempo é de sermos grandes, à altura dos desafios que se apresentarão no próximo período. A verdade – dirigentes, militantes e aqueles e aquelas que caminham conosco no PSOL – é que um novo bloco histórico começou a ser construído a partir da eleição do presidente Lula.
Cabe a nós decidir se queremos puxar a locomotiva em direção a uma sociedade com mais direitos, mais respeito, mais tolerância, mais igualdade, mais oportunidades e, por que não dizer, mais amor; ou estarmos ao lado daqueles que se empenharão para o trem descarrilar. Sou obrigada a dizer que, independente da formulação e da intenção, o resultado dos que se colocarem contra o governo de esquerda que venceu heroicamente essa eleição será o mesmo.
Eu não tenho dúvidas: estarei junto de quem acredita na unidade contra o fascismo e no empenho para colocar comida na mesa de cada família brasileira.
O nosso partido cresceu, ficou adulto. E como todos sabemos, com exceção dos mimados vivendo alheios ao mundo real, na vida adulta, as responsabilidades aumentam. É inevitável. Por isso, defendo, de modo firme, que o PSOL participe do governo do presidente Lula com a responsabilidade política que ele construiu em seus anos de vida: propondo políticas públicas, fazendo o debate interno ao governo, defendendo posições que nos são caras.
Fazermos isso não significa dizer que somos iguais ao PT ou aos demais partidos que comporão o governo. Viva a diferença! Não estaremos abrindo mão de nossos princípios, tampouco de nossa visão de futuro pela construção de uma sociedade socialista. Apenas reafirmando esses princípios ao cerrar fileiras contra o fascismo representado pelo bolsonarismo e contribuindo com a reconstrução do Brasil que essa gente destruiu. O país para os mais pobres, para aqueles e aquelas que têm nos governos a única mão amiga com quem podem contar para avançar em suas vidas e de seus filhos.
Sou cria da periferia, meu chão é o movimento popular, e meu compromisso é com o povo pobre do nosso país. Para a gente avançar mais rápido em direção às condições objetivas na construção da sociedade que queremos, assim como há alguns anos batalho pela nossa unidade com o campo progressista, estou aqui para fincar a bandeira da defesa que o PSOL participe do governo do presidente Lula com sua força militante, com sua elaboração política, com sua visão de mundo.
Pode ser menos cômodo para alguns, mas será o melhor para todos.
Bora com nossas mentes, nossa luta e nossos corações.
Um xêro socialista e vamo que vamo!
*Adelita Monteiro é fundadora do PSOL e dirigente do PSOL Ceará