O ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Benedito Gonçalves enviou uma solicitação de desmonetização de quatro canais para o YouTube – todos ligados a apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL). Dentre eles estão canais da produtora Brasil Paralelo, que já foi intimada por disseminação de fake news e propaganda antidemocrática. O ministro também intimou o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PL) a prestar esclarecimentos sobre a “utilização político-eleitoral de seus perfis nas redes sociais”. A justificativa por trás da decisão de Benedito Gonçalves seriam múltiplas publicações com informações falsas e tentativas de difamação sobre o candidato Lula (PT).
Por Camilla Almeida
O ministro determinou que redes sociais identifiquem 28 perfis que estariam compartilhando fake news de forma totalmente anônima nas plataformas intimadas. Juntamente com Brasil Paralelo, a desmonetização atingiu os canais Foco do Brasil, Folha Política e Dr. News – todos já foram alvo de inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) e são investigados pela publicação de desinformação e incentivo a atos antidemocráticos. De acordo com a decisão, Gonçalves mostrou preocupação com as ações recorrentes de tais veículos de comunicação em produzir inverdades “prejudiciais ao candidato Lula, com significativa repercussão e efeitos persistentes”.
Além disso, o ministro ressaltou que todos os canais detêm um “comportamento simbiótico” com relação à campanha de reeleição de Jair Bolsonaro. “Além disso, movimentam vultosos recursos financeiros, tanto arrecadados junto a assinantes e via monetização, quanto gastos em produção e impulsionamento de conteúdos”, afirmou Gonçalves. Além da desmonetização, foi proibido o impulsionamento monetário de conteúdos político-eleitorais que mencionam Bolsonaro, Lula, suas campanhas e aliados. O ministro do STF ainda suspendeu a publicação de um dos vídeos planejados pela produtora Brasil Paralelo, que seria feita a seis dias do segundo turno.
A decisão veio em resposta a um pedido do Partido dos Trabalhadores (PT), que escancarava a existência de um “ecossistema de desinformação” contra a Lula e solicitava a suspensão das contas responsáveis pela veiculação de tal material. “A partir do estudo do material apresentado, que confere densidade a fatos públicos e notórios relativos à atuação nas redes de Carlos Bolsonaro e diversos apoiadores do atual Presidente, há indícios de uma atuação concertada para a difusão massificada e veloz de desinformação, que tem como principal alvo o candidato Luiz Inácio Lula da Silva”, adicionou Benedito Gonçalves.
“Os esquemas de difusão de fake news ganharam mais complexidade, encontraram formas elaboradas de financiamento e, infelizmente, confirmaram o potencial danoso da exposição massificada e vertiginosa das pessoas a conteúdos falsos”, continuou.
Brasil Paralelo: máquina de fake news
A publicação suspensa pelo ministro Gonçalves era um documentário intitulado “Quem mandou matar Jair Bolsonaro?”, produzido pelo Brasil Paralelo. O lançamento do longa-metragem foi adiado para depois do segundo turno das eleições presidenciais pela decisão. A motivação por trás do adiamento se justifica por meio da compra de “diversos anúncios” para divulgação do vídeo pela produtora, a fim de para obter “máxima atenção”. Segundo o ministro, foram gastos R$ 715 mil em anúncios sobre “temas sociais, eleições ou política” pelo Brasil Paralelo entre os dias 9 e 15 de outubro.