Canción Sin Nombre: SUS e o direito de ser mãe

Imaginem se o SUS não existisse. Com os gastos na saúde cortados em R$ 5,32 bilhões em pessoal e R$72,4 milhões com investimentos, não é difícil.

O que aconteceria com todas as mães que não tem dinheiro para pagar um hospital particular para fazer o pré-natal, para fazer o parto?

Elas buscariam outras alternativas, certo? Mesmo que fossem duvidosas, não pensariam duas vezes se fosse para o bem de seu bebê.

O filme Canción Sin Nombre é o que aconteceria no Brasil se não tivéssemos o SUS, que assegura o direito fundamental à saúde não apenas da mãe como da criança? Segundo a Convenção dos Direitos das Crianças (ONU), artigo 24, inciso D, é o direito delas receber pré-natal e todo os cuidados necessários ao parto.

Mas sobre o que é esse filme? Bom, é sobre várias mães peruanas pobres, indígenas, que tem seus filhos roubados após o parto por “ONGs” que previamente as ajudaram com o pré-natal e com parto, cumprindo o papel que deveria ser do Estado, e talvez por isso mesmo que o resultado (roubo da criança) seja tão ruim.

O filme é baseado em fatos reais, e tendo em conta o que vemos na atualidade brasileira, com uma ministra dos direitos humanos sendo acusada de sequestrar uma criança indígena, será que estamos tão longe do Peru da década de 80?

Selecionado pelo Festival de Cannes desse ano, o filme peruano trouxe para a mesa uma discussão que parece passada, mas não é. As crianças roubadas eram enviadas para o exterior, países desenvolvidos.

É uma história de colonialismo e exploração dos corpos das mulheres periféricas que se repete no decorrer da história. Para que o direito de ser mãe seja assegurado, precisamos proteger o SUS.

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