Brutalidade à direita

Quase dois anos depois da destituição de Dilma Rousseff, a grave instabilidade política favorece a disseminação de uma onda de intolerância e truculência pelo país. Por maiores que possam ser nossas diferenças ideológicas, a única postura digna é a de repúdio vigoroso à deslealdade com que forças reacionárias operam contra a democracia e a vontade popular.

É alarmante que a caravana do ex-presidente Lula tenha sido alvo, nesta terça-feira, no Paraná, de balas letais por parte de grupos de extrema-direita. A escalada de ódio contra a comitiva do ex-presidente e seus apoiadores já vinha ganhando temperatura, sendo que no dia anterior um padre de 64 anos fora ferido com pedradas. Parece não haver limites para o ódio e a estupidez, em um cenário que caminha velozmente para a barbárie.

Menos de uma semana antes do atentado a Lula no Sul, o Pastor Marco Feliciano estava na Rádio Jovem Pan disparando absurdos ao microfone. Difamou de maneira inaceitável a memória de Marielle Franco e, simbolicamente, incentivou o assassinato de militantes de esquerda. A audiência ouviu em um veículo de concessão pública um deputado abusar de sua prerrogativa parlamentar para desumanizar a vítima e aqueles que participam de suas lutas. Sua chacota infame sugeria que a bala na cabeça de um esquerdista levaria uma semana para encontrar o cérebro.

A tragédia de Marielle Franco ganhou enorme visibilidade, mas representa também as muitas e os muitos lutadores sociais que foram silenciados ao longo dos anos. Se o Brasil sempre foi palco de conflitos, hoje vivemos um acirramento nos ânimos que perigosamente encoraja crimes políticos. Pessoas influentes como o Pastor Marcos Feliciano, que deve responder à representação do PSOL por apologia à violência, vêm propagando discursos de ódio com frequência. Também foram muito infelizes as declarações de Temer e Alckmin sobre o atentado contra Lula, em uma linha cínica de que o PT estaria “colhendo o que plantou”, como se Lula se valesse das mesmas armas que lhe apontam agora.

O país se encontra brutalizado como resultado da tentativa de desumanização contra quem faz qualquer tipo de política social, em campanhas oficiais e extra-oficiais altamente agressivas e preconceituosas. Vemos com preocupação a truculência com que trabalham as forças reacionárias e reafirmamos a disposição do PSOL de combater com lealdade e de cabeça erguida, em direção a uma democracia mais justa, inclusiva e com verdadeira participação popular.

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