Bolsonaro pede censura de vídeo sobre compra de imóveis com dinheiro vivo

Bolsonaro foi ao TSE para censurar um vídeo o qual falava sobre o escândalo da compra de imóveis com dinheiro vivo por membros da sua família
Bolsonaro
[Imagem: Marcelo Camargo/ABr]

A campanha de Jair Bolsonaro (PL) pediu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a retirada de um vídeo veiculado pela coligação do presidente e candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o qual falava sobre a compra de imóveis com dinheiro vivo pela família de Bolsonaro. O pedido de censura, veiculado nesta segunda-feira (05/09), colocava a gravação como uma ” veiculação não apenas de gravíssimas ofensas à honra e à imagem do Presidente da República e de sua família, mas também a reprodução de fato fortemente descontextualizado” e pede pela retirada imediata do vídeo além da proibição de sua “utilização por quaisquer meios de propaganda eleitoral”.

Por Camilla Almeida

A publicação expõe alguns dos 107 imóveis comprados pelos filhos e familiares de Bolsonaro desde o início da vida política do presidente, mostrando uma investigação feita pelo portal UOL. A reportagem, que utiliza como fonte falas dos próprios investigados e certidões de cartório, revela que metade das propriedades foram adquiridas com dinheiro vivo. De acordo com a investigação, as compras registradas com o modo de pagamento “em moeda corrente nacional”, totalizaram R$ 13,5 milhões – nos dias atuais, esse total equivale a R$ 25,6 milhões. Transações por meio de cheque ou transferência bancária, que envolveram 30 imóveis, chegaram a R$ 13,4 milhões. O uso da moeda viva, segundo especialistas, é uma prática comumente utilizada para esconder uma origem ilícita do dinheiro.

Quando perguntado sobre o escândalo, Bolsonaro se irritou com jornalistas e perguntou “qual é o problema de comprar com dinheiro vivo algum imóvel, eu não sei o que está escrito na matéria… Qual é o problema?”. No pedido de censura, ainda, a equipe jurídica de Bolsonaro coloca o vídeo como “uma narrativa falaciosa” e um “mecanismo de propaganda negativa ilegal”, mesmo que só utilize de fatos já conhecidos e expostos pelos veículos de mídia. Até o momento desta publicação, o TSE ainda não se pronunciou sobre o processo. Confira a publicação na integra:

Essa não foi a primeira vez que a equipe de Bolsonaro censura uma publicação que expõe apenas dados e fatos de seu governo e família. No dia 24 de agosto, a ministra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Maria Cláudia Bucchianeri ordenou a retirada de um vídeo publicado nas redes sociais da Central Única dos Trabalhadores (CUT), no qual apareciam falas do presidente sobre a Covid-19. A decisão foi tomada por conta de suposta propaganda eleitoral irregular contra Bolsonaro. De acordo com a ministra, o vídeo tinha “clara conotação eleitoral e faz alusão ao processo eleitoral que se avizinha”.

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