“Vera, não podia esperar outra coisa de você… Eu acho que você dorme pensando em mim, você tem alguma paixão por mim. Você não pode tomar partido em um debate como esse, fazer acusações mentirosas a meu respeito. Você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro”. Esse foi o início da resposta de Bolsonaro à pergunta da jornalista Vera Magalhães sobre o que o candidato faria para aumentar a cobertura vacinal no próximo governo, caso fosse reeleito, durante o primeiro debate eleitoral na TV Bandeirantes.
Típico de Jair Bolsonaro, o candidato ataca mais uma vez o trabalho dos jornalistas e da imprensa. Uma pesquisa realizada pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) divulgada em julho de 2021 aponta que o atual presidente atacou a imprensa em 87 ocasiões, no primeiro semestre do ano passado. A organização considerou como ataque declarações contra a imprensa e agressões no geral. 56,62% dos ataques foram proferidos através das lives oficiais do presidente, 21,86% foram feitos através do Twitter e 19,54% dos ataques foram realizados através de aparições públicas, como aquelas dentro do “cercadinho” do Palácio do Planalto.
RELEMBRE ALGUNS EPISÓDIOS
Em maio de 2019, durante uma aparição pública, Bolsonaro criticou uma jornalista da Folha de S.Paulo, dizendo que ela deveria entrar em alguma faculdade “que presta” novamente e fazer o curso de jornalismo. Completou que é isso que a Folha tem que fazer, não contratar “qualquer um ou qualquer uma” para ser jornalista, como aqueles que semeiam a discórdia, que ficam perguntando “besteiras” e publicando “coisas nojentas.”
Em maio de 2020, durante uma coletiva de imprensa, o candidato à reeleição, novamente em ataque à Folha, enquanto segurava e apontava para um exemplar impresso do jornal, exclamava que “isso [jornal] é uma patifaria”. Durante sua fala, Bolsonaro mandou alguém que o assistia “calar a boca”, e depois continuou as ofensas, dizendo que o jornal é um “patife” e mentiroso.
Em agosto de 2020, depois de questionado por um repórter do Globo sobre os cheques depositados por Fabrício Queiroz na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro, o presidente atacou o jornalista que fez a pergunta, dizendo “a vontade que eu tenho é de encher sua boca de porrada”.
Em janeiro de 2021, durante um evento privado, Jair Bolsonaro declarou que os R$ 15 milhões de reais gastos pela União em leite condensado eram para “enfiar no rabo” da imprensa, a responsável por divulgar os dados.
Em junho de 2022, no Dia Nacional da Liberdade de Imprensa, Bolsonaro atacou a imprensa dizendo que “se for para punir fake news com a derrubada de páginas, fechem a imprensa brasileira que é uma fábrica de fake news. Em especial, Globo e a Folha”. A declaração foi feita após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em manter a cassação do mandato do deputado Fernando Francischini, após disseminar mentiras sobre as urnas eletrônicas nas eleições de 2018.