Bolsonaristas pedem golpe em grupos do Telegram

Estudo expõe a radicalização do discurso de bolsonaristas, que criticam o STF e pedem ação das Forças Armadas
Bolsonaro em encontro nacional do Agro - Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo
Bolsonaro em encontro nacional do Agro - Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo

O relatório Democracia Digital, de pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), publicado pelo jornal Estado de São Paulo, demonstrou o aumento dos ataques a democracia desde o mês de junho. Em telegram, usuários de grupo bolsonarista atacam o STF, pedindo intervenção das Forças Armadas nessas eleições.

A radicalização nesses grupos, de acordo com o relatório, aumenta conforme as eleições se aproximam. No aplicativo, bolsonaristas falam em “contragolpe”, ou seja, o país estaria sendo ameaçado pelas instituições, como STF e STE, e seria necessário um golpe contra o golpe. Nos grupos, os bolsonaristas acentuam a necessidade de intervenção das forças armadas. Além disso, os ataques à corte também se intensificam com a chegada do 7 de setembro.

O levantamento analisou publicações do primeiro dia de janeiro ao último dia de junho deste ano. No total, foram mais de 6,4 milhões de mensagens coletadas em 156 grupos e 479 canais de Telegram bolsonaristas. Foram encontradas 641 mil imagens no aplicativo. Os pesquisadores também filtraram palavras específicas. Em 112.636 mensagens enviadas em 145 grupos e 349 canais analisados, os pesquisadores identificaram que haveria uma conspiração para fraudar as eleições.

A ideia de que o sistema eleitoral brasileiro é fradulento, entretanto, não é uma novidade. E se há um clima de desconfiança que é propagado entre grupos de mensagem, é porque o presidente da república cultivou cotidianamente suspeitas. Não faz muito tempo, inclusive, a última vez que Bolsonaro atacou o sistema eleitoral brasileiro. Em ato com embaixadores, no 18 de julho, o político voltou a questionar as urnas eletrônicas. Em uma de suas lives, em julho de 2021, Bolsonaro falou com convicção:

“Não tem como comprovar se as eleições foram ou não foram fraudadas”

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