BICHO MALUCO BELEZA

Teremos que revolucionar nossa percepção, outras ervas crescem em nossas utopias. No horizonte tantas lavouras novas se instalam. Seres inusitados surgem dos buracos, rápidos pássaros fazem seu voo, alimentam-se, sobrevivem.

Estamos chorando pra cachorro, coisas da vida. Um dia do peixe, outro do pescador.  Cantaria Caetano Veloso que enquanto os homens exercem seu podres poderes, motos e fuscas avançam o sinal vermelho.

 

Recordo-me também do pensador húngaro, Peter Pál Pelbart,  ensaísta que mora em São Paulo, dissertando sobre o esgotamento:

 

Nossa sociedade está esgotada de tudo: da velocidade, da representação, da saturação de informações, dos modos de controle e de monitoramento da vida. As pessoas estão cansadas de um modo de existência que não foi escolhido por ninguém, mas imposto a todos. Assim, cada um se sente exigido, coagido e cobrado a se otimizar e se aperfeiçoar, o que é um mecanismo de extração de vida e também de monitoramento.

O esgotamento tem algo de positivo: em certos pontos, nos permite largar alguma coisa, em vez de querer restaurar, colar os cacos e conservar o velho. Precisamos largar algo que de fato caducou, e detectar novos movimentos e experimentações, que às vezes passam pela arte, política, clínica e filosofia. Em todos esses domínios, algo vai se experimentando, e eu diria que são tentativas de forjar outras maneiras de viver junto, de pensar.

Boa sorte é atributo necessário em tempos assim. Saber onde se pisa também. Pelas aldeias que andei na vida, aprendi bem, que não entra-se em mato fechado sozinho ou em campos abertos pisa-se no chão pensando em borboletas.

Há de se vigiar e avançar, perder-se e temer é o pior rumo.

Não estamos no fim do mundo.

 

*imagens por Helio Carlos Mello©

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