Beba com moderação, por Dirce Waltrick do Amarante

Paula Rego

Por Dirce Waltrick do Amarante*

Depois de cinco dias de intensa folia carnavalesca e muitas latinhas de cerveja e algumas caipirinhas, ainda sonolenta e com uma leve ressaca, ligou o computador para saber o que havia acontecido durante sua breve ausência temporária:
“A bolsa despencou. E daí?”. E daí? Daí, leria essa notícia mais tarde.
“Dólar abre com alta e atinge R$ 4,5”. Pensou um pouco, fez algumas contas na cabeça e passou para a próxima notícia sem se aprofundar nessa.
“11,9 milhões de brasileiros procuraram emprego entre novembro e janeiro”. Sem pensar muito, passou para as outras notícias, que vieram num turbilhão:
“Carnaval deste ano teve 8% mais mortes em rodovias federais”;
“Navio com minério da Vale que afunda no oceano equivale a 3 campos de futebol”;
“Coronavírus: letalidade é menor que a do ebola e maior que a do sarampo”;
“A volta do sarampo no Brasil”;
“Feminicídio cresce no Brasil e explode em alguns estados”;
“Ato anticongresso explode nas redes após Bolsonaro compartilhar vídeos e ganha apoio de empresários”…
Sentiu um leve mal-estar, levantou-se…
Foi encontrada caída no chão alguns dias depois. Causa mortis: coma alcóolico. Nem ficou sabendo que Belo Horizonte não ficava mais em Minas.

 

  • Em estado de choque.

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