Battisti: Evo Morales se comportou como um capacho do fascismo italiano e brasileiro

Battisti dentro do avião que o leva para a prisão, na Itália. A foto foi liberada pelo ministro do interior da Itália, Matteo Salvini. O troféu está entregue

Evo Morales entregou Cesare Battisti como um troféu para a extrema direita italiana e brasileira, representada por Matteo Salvini, vice-primeiro-ministro italiano, e Jair Bolsonaro, fingindo que não sabia da solicitação que o militante e escritor fez para ser reconhecido como refugiado, em 18 de dezembro, e que o Ministério das Relações Exteriores boliviano carimbou como “recebida” às 12h35 do dia 21 de dezembro.

Evo Morales contrariou a orientação do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), que garante aos solicitantes de refúgio a proteção contra a devolução durante todo o período de reconhecimento da condição de refugiado (conforme artigo 33 da Convenção de 1951 e pelo direito internacional consuetudinário). Ou seja, a Bolívia de Evo Morales não poderia extraditar um solicitante de refúgio (Cesare Battisti) ao seu país de origem enquanto seu pedido de reconhecimento da condição de refugiado estivesse sendo considerado, inclusive durante a etapa de apelação.

Evo Morales atropelou o próprio Evo Morales que, no Palácio de Governo da cidade de La Paz, no dia 19 de dezembro de 2012, regulamentou a Lei nº 251, de proteção a pessoas refugiadas e o Decreto Supremo nº 1440.

Lei de proteção aos refugiados, de 2012, assinada pelo próprio presidente Evo Morales Ayma

Tudo se torna pior porque a captura de Cesare Battisti aconteceu quando ele já entregara sua vida e liberdade nas mãos das autoridades bolivianas, às quais deu conhecimento sobre seu paradeiro, inclusive dispondo-se a encontro com “local, data e hora” a serem combinados. Legal e moralmente, as autoridades bolivianas tornaram-se responsáveis por sua vida e liberdade até o julgamento final da solicitação do status de refugiado. São, por isso, também responsáveis por sua prisão!

Fidel Castro dizia que “um revolucionário pode perder tudo: a família, a liberdade, até a vida. Menos a moral”. Evo Morales versão 2018-9 já dera sinais preocupantes sobre sua moral, quando veio à posse de Jair Bolsonaro em 1º de janeiro, a quem tratou como “irmão”, mesmo sabendo do ódio mortal do presidente brasileiro aos índios, aos petistas, a Lula. Entregar Cesare Battisti, a despeito de tudo, talvez seja a culminância da traição à própria história do primeiro indígena presidente na América Latina desde o mexicano Benito Juárez, em 1872. Mais uma tragédia para a esquerda latino-americana.

Leia mais sobre Cesare Battisti e a injustiça de sua prisão aqui

Leia o documento que Cesare Battisti enviou para a Chancelaria boliviana, solicitando o reconhecimento como refugiado. Veja o carimbo do recebimento, no canto superior direito.

 

 

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornalistas Livres

COMENTÁRIOS

6 respostas

  1. Laura , te amo! Assim como amo a Dilma e a Gleise e outras guerreiras.
    Continue na sua luta!
    Parabéns pela matéria. Foi muito útil para mim e, se me permite, vou compartilhar.
    Gosto é apoio Evo, mas Acho que ele pisou na bola. Espero que ele se retratem.
    Um beijão e boa noite!

  2. Lamentável posição do Evo Morales! Inacreditável! O país que matou o Che agora está matando o Battisti. Esse mundo não tem jeito não.

  3. Passei a odiar Evo quando veio à posse do Bozo. Agora, entao, morreu mesmo… Nunca pensei que fosse trair Lula e o seu próprio povo

  4. Parabéns pela matéria. É inacreditável como a esquerda – ou ditos representantes da esquerda – cometem besteiras. Realmente, é decepcionante essa atitude do Evo. Principalmente após ter vindo na posse desse fascista, que, para mim, soou muito estranho.

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