Lembro-me que adormeci vendo cena de filme em estrada de fúria, Mad Max repaginado, cenas para embalar o sono e sonhar com tolices. Acordei já clareando o dia em cama revolta, a TV ligada. Vi aquela cara feia, acreditei ser a continuidade de Mad Max em filme que assistia, não, era Marcelo Crivella proibindo, em jornal matutino.

Pânico, a realidade me dá bom dia superando as loucuras da ficção.

Musa dos protestos pró golpe em 2015. Nem toda nudez será castigada.

Juntei tudo que consegui por coincidência, os anos passaram durante a madrugada e o dia ainda era o mesmo. Dormi assistindo ficção desvairada e acordei em dura realidade. O que mudou em tão breve momento?  Os sonhos não envelhecem, dizem meus amigos no clube da esquina, o clube dos jornalistas, livres, em histórias de aço distintas de sonhos. Nossa Senhora Aparecida em breve fará 300 anos entre gás lacrimogênio, os fantasmas ainda nos seguem e rezamos.

Triste penitência nessa pátria de encontro dos povos, sinto-me tão só nessa manhã. Que susto,  apresentei o que amanheci hoje à vida, e disseram na tv: TÁ PROIBIDO. Assusto-me, escandalizo-me. Não tem mais nada de boas notícias, só conduções coercitivas e proibições. As piores alianças se anunciam e a arte abre a boca, atônita.

Era Porto Alegre, foi Curitiba, há pouco São Paulo, e hoje? Rio de Janeiro, o crente prefeito vetou. Cidade maravilhosa, deixa-me assim ao léu.

https://www.youtube.com/watch?v=VW3T7iXFeF8

E agora liberdade? Será Tigresa, é onça, será suçuarana? Qual rumo segue a vida e o absurdo de meu país de arte, o que gritam entre segredos esses tribunais que entornam e vazam, em carne moída, tanta gente e  novos cardápios gourmet? Minha fome de homem, cinquentão, carece entre obesidade, obscenidades ou anemias ditando triste sina. Nego, renego. Quem nos socorre, qual juiz que zela, quem a presidir nos abrigará em tempo vindouro?

Como em curva de um rio, quando as águas olham para trás e fazem praia, é preciso juntar agora, juntar e resistir. Proibido é palavra de enchentes.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornalistas Livres

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