Bailarina da Anitta movimenta a internet com o body positive

“Bom dia, meu povo!”. Depois de ligar o celular e iniciar uma sequência de stories no Instagram logo cedo, uma sorridente bailarina carioca e moradora de Nova Iguaçu, Baixada Fluminense rebola ao som de Kevinho, Anitta e até K-Pop (ritmo pop coreano que contagia às atuais gerações) para milhares de fãs. Os corações-likes vão surgindo na tela do celular enquanto Thaís Carla, de 27 anos, desce até o chão, faz movimentos do funk carioca e encerra com uma ‘sarrada no ar’ pra ninguém botar defeito. Em determinado momento, alguém comenta: “Você vai morrer se continuar gorda assim”.

 

 

Gorda. Thaís Carla é gorda. E apesar das críticas claramente destrutivas, faz questão de autoafirmar sua condição: “A palavra gorda não deveria ser uma ofensa ou xingamento. Ser gorda é uma característica física”, explica. Por conta do peso e de promover a pauta body positive, uma bandeira progressista que tem crescido cada vez mais pelo mundo e no Brasil, Thaís é alvo de amor e ódio a todo instante.

Segundo ela, o body positive é a promoção de uma relação menos conflituosa e de maior aceitação com o seu corpo e os dos outros: “O “body positive” é corpo positivo, não só traduzido, mas na prática. E podemos entender que é uma forma de afirmar que todos os corpos podem ser lindos e devem ser respeitados, independente das diferenças. Essa pauta veio para abrir possibilidades de enxergar a beleza para além de endeusar apenas os corpos magros”, aponta.

E não foi do nada. Thaís já flertava com o movimento antes de conhecê-lo mais a fundo: “Era algo que eu já vivenciava, mas não tinha dado nome. Até que meu marido me apresentou a palavra gordofobia. Então eu comecei a pesquisar mais sobre e descobri alguns termos”.

A gordofobia também dá as caras na internet. Entre os milhares de fãs – são mais de meio milhão de seguidores no Instagram – os haters (internautas que odeiam algo ou alguém e registram isso nas redes sociais) fazem questão de xingar, depreciar ou tentar abalar a autoestima da moça. Mas Thaís não dá bola: “Meus feedbacks têm sido muito gratificantes.  Diariamente recebo mensagens de mulheres e homens que se libertaram dessa pressão estética e assim estão vivendo mais felizes”.

Thaís Carla com Anitta

A bailarina tem ido cada vez mais longe. Em 2017 começou a integrar o balé de Anitta, atualmente a cantora mais famosa do Brasil. O desempenho artístico de Thaís, contudo, não é recente. Começou a dançar aos 4 anos, ganhou um quadro de talentos do “Domingão do Faustão” (TV Globo) e integrou o elenco do extinto programa “Legendários”, de Marcos Mion (Record), durante 4 anos.

A luta de Thaís contra a gordofobia encontra eco nas pautas de liberdade individual, como é o caso das bandeiras LGBT, feminismo e racial. As semelhanças ocorrem, no geral, com a dificuldade da pessoa ser aceita ou ser livre dentro da sociedade: “Na gordofobia, além das agressões com o corpo gordo, existe a falta de acessibilidade em lugares comuns, como ônibus, avião, barzinho, loja de roupa, entre outros, por um simples motivo, nenhum desses lugares nos cabe. Mas cada pauta deve ter o protagonismo de fala de quem vivencia”, explica.

Para entrar nessa luta, a dançarina recomenda: “Eu costumo convidar a pessoas a conversarem diariamente no espelho, lembrando que o importante é agradar a si mesma”.

Em tempos de padrão de beleza, Thaís é uma ilha de resistência. Poderosa!

 

As fotos são REPRODUÇÃO / INSTAGRAM e da dança é DIVULGAÇÃO

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