Ativista do movimento negro participa da Assembleia da ONU e é recebido por Bill de Blaiso

O debate da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) para a construção de um Fórum Permanente de Afrodescendentes ligado ao Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ECOSOC) terá a participação do ativista do movimento negro brasileiro, historiador e mestre em Gestão e Desenvolvimento Social Marcos Rezende.

Além disso, Rezende irá jantar com o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, um dos principais opositores políticos do presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PSL) nos Estados Unidos, responsável por várias críticas duras ao conservadorismo representado pelo capitão da reserva.

A viagem à Nova York, conta Marcos Rezende, tem o objetivo de promover o encontro de uma comissão de ativistas negros que já atuam junto à ONU com diplomatas, líderes políticos globais e políticos influentes para defender a criação do fórum sobre questões negras das Nações Unidas.

A ideia é que esse espaço seja ligado ao ECOSOC, e não a outros espaços decisórios da ONU, por causa do poder político e econômico do conselho, além da maior capacidade de influenciar em decisões da Assembleia Geral.

A ação está alinhada à agenda da Década Internacional dos Afrodescendentes, proclamada pela Assembleia Geral da ONU para o período entre 2015 e 2024 com a finalidade de tomar medidas eficazes contra o problema do racismo pelo mundo.

“Estamos construindo algo indispensável nos dias de hoje, que é o diálogo. O diálogo com lideranças que podem influenciar nesse espaço de decisão importantíssimo, que é a ONU, para que o Fórum Permanente dos Afrodescendentes esteja dentro de um mecanismo das Nações Unidas com poder de decisão e ação, como é o caso do Conselho Econômico e Social, o ECOSOC. Então é esse o objetivo da nossa ida aos Estados Unidos. Encontrar com o Bill de Blasio, nesse contexto, é uma ação ainda mais simbólica, por ele representar a resistência contra o bolsonarismo, o conservadorismo e o fascismo, e por sua esposa, Chirlane McCray, que é ativista feminista e bissexual, também ser um símbolo dessa luta e uma lutadora guerreira por um mundo mais justo e igualitário”, afirmou Rezende.

O ativista ainda aproveitará a viagem aos Estados Unidos para encontrar com a vice-prefeita da cidade de Newark, a maior do estado de Nova Jersey, Lígia de Freitas, a fim de discutir parcerias para o financiamento e execução de projetos junto a comunidades negras brasileiras.

Fundador do Coletivo de Entidades Negras – CEN, o historiador e ativista antirracista Marcos Rezende já tem atuação extensa em vários fóruns da ONU. Foi ele quem entregou ao relator especial sobre liberdade religiosa e de crença da Organização das Nações Unidas, Ahmed Shaheed, um extenso relatório dos casos de racismo, ódio e intolerância religiosa no Brasil. A entrega aconteceu em maio deste ano, durante consulta feita a organizações da sociedade civil em Buenos Aires, na Argentina.

Em 2018, o CEN e outras instituições denunciaram o Brasil à Organização dos Estados Americanos (OEA), por meio do mesmo relatório. O documento com as denúncias estão em fase de análise pela Comissão de Direitos Humanos da OEA. Por causa desse relatório, Rezende foi convidado pela organização internacional para participar de uma Consulta Pública sobre a temática em Santo Domingo, na República Dominicana, onde novamente os dados colhidos foram apresentados.

COMENTÁRIOS

POSTS RELACIONADOS