Às vezes é solitário viver

Yudjá

Terra desconhecida, tal veneno, certas notícias dão desalento para a geração na qual caminho, a nascida em 1964. Palavras coloridas como Ituna-Itatá, terra indígena distante de mim, afloram aos 57 na carne minha, entre temores, lugar vazio ainda dos invasores, de nós brasileiros. 

Ri entre minha pele e aqueles que fogem, o mistério, gente ainda não vista. Do capeta que governa e invade, neste momento sórdido, país tão vasto se revela, gente assim no seu canto e sem um lugar na ordem das coisas. 

Alguma coisa está fora de ordem, fugimos todos do inferno, seja lá o que tal palavra provoque em cada um de si, mas sei que do inferno fogem todos. Corre perigo no mato virgem quem é vivo, disso não duvido.

A contínua busca dos donos da terra, entre nós, nunca cessou. Tal vontade colonizadora, Borba Gato não queima. Sim ele incendeia ainda, põe fogo.

Vamos fugir desse lugar parece ser a senda do índio, indígena daquilo que em nós nem merece casa, seu canto ou aresta, vértice de um lugar que não entendemos ainda, e talvez desperdicemos o que mais nos vale na nação,o conhecimento indígena de ser entre o ambiente que habitamos. Vivemos um momento na história onde jogar no lixo parece ser a regra.

Coragem grande deve ser ser indígena nesse momento, tal um negro amor de Bob Dylan, em It’s All over Now, Baby Blue. Aquilo que pensávamos da razão, da ciência no amor da gente, nosso apreço e vontade de futuro, agora é o fósforo de outra cor, o poder impuro que comanda. Devo dizer ao índio, tantos amigos meus, que vá, se mande?

Baixo Xingu, PIX, Yudjá, por Helio Carlos de Mello

Tantas indecências, não mais deixar o índio em paz, nem um indígena que seja. Qual será a mão nem sei mais, afaga, apedreja.

O resto é silêncio. O delegado?

https://noticias.uol.com.br/colunas/rubens-valente/2021/07/30/funai-expedicao-indigenas-isolados.htm

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