Desde a última segunda-feira, 27, o MST no estado do Rio de Janeiro tem realizado uma série de ações para lançar a Pré-Candidatura de Marina dos Santos, a Marina do MST, a Deputada Estadual. “As eleições especialmente deste ano tem um marco diferencial para as mudanças. Essa é a eleição de nossas vidas, porque é uma eleição de disputa de projeto”, afirmou a dirigente Sem Terra nesta quarta-feira, 29, em coletiva com veículos de imprensa.
Para além de um projeto macro e distante da realidade das favelas e do campo, Marina aponta que a disputa de projeto “se liga diretamente à vida do povo ali na base”. Para a pré-candidata, o confronto se dá entre um projeto de morte e um projeto de vida, em que a centralidade deve ser alimentar a população que hoje passa fome, com comida saudável produzida pela agricultura camponesa.
“A luta do MST é pela Reforma Agrária Popular e, pelo que vimos na experiência dos assentamentos e da luta política por uma alimentação saudável, algumas coisas são possíveis, com o incentivo à produção agroecológica e camponesa no estado e à circulação interna dessa produção no Rio de Janeiro. Isso ajuda a reduzir os preços, tornando esses alimentos mais acessíveis e enfrentando a fome, sem perder de vista o cuidado com a saúde do povo e da natureza”, aponta Marina.
“Derrotar Bolsonaro e o bolsonarismo é uma questão de vida. E Lula, junto com Freixo no Rio, nos inspira a elaborarmos um novo projeto de desenvolvimento com igualdade, mas, antes disso já em janeiro, precisamos de um Plano Emergencial para acabar com a fome!”, sustenta Marina. Ela propõe a participação do Estado do Rio de Janeiro nesta Reforma Agrária, retomando toda estrutura institucional da Secretaria de Agricultura, da Emater-RJ e do Instituto de Terras, hoje completamente sucateados.
A urgência de políticas para mulheres
Como uma pré-candidatura ligada diretamente aos movimentos populares no campo e na cidade, a caminhada tem possibilitado, de acordo com Marina, um amplo processo de escuta e trabalho de base nas comunidades em todo o Rio de Janeiro. A militante tem identificado que, em todos os cantos, a fome tem raça, tem gênero e tem classe social: são as mulheres pretas das periferias as principais atingidas pela perda de direitos.
“Em todos os lugares onde eu estive durante a pandemia junto com o MST levando solidariedade, nas favelas, nos morros ou nas cozinhas solidárias, quem estava lá sempre era a mulher preta. Isso me comove, porque eu sou essa mulher também, já passei fome e também venho desse lugar como Sem Terra”, se emocionou Marina. Ela arremata: “a prioridade das políticas públicas que nós temos que formular deve ser para este público!”
Para Marina do MST, é a falta de políticas públicas nas periferias que abre brechas para a estruturação de poderes paralelos no Rio de Janeiro, sitiado entre tráfico e milicianos. Neste sentido, a política pública deve chegar em todas as camadas, mas “deve chegar primeiro na favela”, ampliando acesso à educação, cultura e memória, trabalho e renda e a um SUS forte e de qualidade. É a alternativa que ela propõe para dar conta das violências enfrentadas pela juventude negra.
Quem é Marina do MST
Lúcia Marina dos Santos, a Marina do MST, é de origem camponesa, nascida no Paraná, onde chegou a ser bóia-fria. Iniciou sua trajetória militante junto às Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) da Igreja Católica, quando, aos 14 anos, conheceu o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Dirigente da organização, foi indicada para organizar as fileiras do Movimento no Rio de Janeiro em 1996.
Marina coordenou o Escritório Nacional do MST em Brasília e representou a América do Sul no Conselho Político da Via Campesina Internacional. É Assistente Social pela UFRJ e mestra em Desenvolvimento Territorial pela UNESP. Em março deste ano, assumindo um desafio coletivo apresentado pelo MST, Marina se filiou ao Partido dos Trabalhadores (PT) para se projetar a uma vaga de Deputada Estadual na Assembleia Legislativa do RJ (ALERJ).
Encerrando as atividades de lançamento de sua Pré Campanha, o MST promove na próxima sexta-feira, 01/07, o Arraiá da Reforma Agrária, no Largo da Carioca, região central do Rio. A atividade conta com uma Feira da Agricultura Urbana e Camponesa totalmente aberta ao público a partir do meio dia, além de ato político-cultural com personalidades da arte e da política.
Uma resposta
Gostei da descrição de Marina e da sua plataforma política. Quero conhecê-la.