No último sábado (27), um usuário anônimo enviou intimidações e ameaças de chacina a estudantes do Instituto Federal de Piritiba, em São Paulo. A mensagem foi enviada via email, por meio da plataforma anônima MailLater, e cita nomes de alunas e alunos, dizendo: “nós vamos assassinar todos”. A ameaça veio depois que alunas da escola denunciaram casos de assédio dentro do Instituto e expuseram os nomes dos assediadores.
Por Thaís Helena Moraes
A mensagem anônima afirma que alguns alunos do IF de Pirituba passaram a ser “tratados igual lixo” depois das denúncias de importunação sexual, e que isso teria motivado as ameaças. “Meninas, não sintam medo de serem assediadas, sintam medo de perderem as suas vidas”. O usuário refere-se às garotas como “pedaços de carne” e diz que a escola será vítima do que chama de “novo massacre”. Tomando conhecimento das ameaças, o Instituto Federal de Pirituba dirigiu-se à delegacia na noite do dia 27; o registro da ocorrência só foi realizado na manhã do domingo, 28. As aulas foram suspensas na segunda-feira seguinte (29).
As ameaças surgiram depois que alunas do Instituto se uniram para denunciar casos de assédio no campus de Pirituba. O Instituto apoiou as estudantes, abrindo rodas de conversa e debates sobre gênero nas aulas. Uma manifestação ocorrida em 19 de agosto mobilizou estudantes de todos os anos, que discursaram sobre suas experiências de importunação sexual e citaram os nomes dos assediadores.
No começo do ano, ainda, desenhos de suásticas foram encontrados em carteiras nas salas de aula do Instituto. Os alunos acreditam que possa haver relação entre o acorrido e a recente ameaça de chacina. Segundo fontes, o Instituto prega sempre a tolerância e tem uma postura progressista; para eles, esse comportamento agressivo e ultradireitista pode ser uma consequência da pandemia, momento em que alunos do ensino fundamental – agora estudantes do ensino médio – podem ter contato com grupos extremistas na internet.
O Instituto Federal de Pirituba já toma as medidas necessárias à segurança da comunidade. Além do registro de boletim de ocorrência, foram feitas reuniões com a Reitoria, servidores, alunos e pais/responsáveis para esclarecer a situação. A equipe de Tecnologia da Informação trabalha com a Polícia para rastrear a mensagem; a empresa de controle de acesso e vigilância foi notificada e intensificará seus processos, bem como a Ronda escolar. Segundo nota divulgada pelo Campus, também será disponibilizado atendimento psicológico à comunidade e a segurança vem sendo reforçada com presença da Polícia Militar a partir da terça-feira (30). O Instituto reforça ainda que assédio, violência e ameaças são repudiados e intoleráveis.