Marina Silva pode ser criticada por vários momentos de sua trajetória política, como o apoio a Aécio Neves nas eleições de 2014. No atacado, entretanto, ninguém jamais duvidou de sua honradez e de sua insistente e obstinada luta na questão ambiental. Sua honestidade e altivez política nunca estiveram em questão.
Por Ricardo Melo
A aliança com Lula neste momento, relevando ataques recebidos de petistas por opções diferentes, mostra seu tamanho político e a gravidade das escolhas em jogo em 2 de outubro. Afirmou no encontro com Lula:
“Compreendo que neste momento crucial da nossa história, quem reúne as maiores e melhores condições para derrotar Bolsonaro e a semente maléfica do bolsonarismo que está se implementando no seio da nossa sociedade, agredindo irmãos brasileiros, ceifando vidas de pessoas com pensamentos diferentes, é a sua candidatura [Lula]”
Acertou na mosca. Guardadas as proporções, o Brasil vive um momento parecido com a Alemanha na década de 1930. Os dirigentes comunistas teleguiados por Stálin se recusaram a adotar a política de frente única com os sociais-democratas, chamados de sociais fascistas pela burocracia de Moscou.
A social-democracia tentava se aproximar de Hitler e também rejeitava a aliança com o PC alemão. Deu no que deu. Hitler ganhou as eleições e mergulhou o mundo numa das épocas mais trágicas da história.
Transposto para hoje, sempre guardadas as diferenças, temos um cenário parecido aqui no Brasil. O neo-fascismo usa todas as armas –literalmente— para liquidar o pouco que ainda resta de democracia. A cada dia, os ataques às liberdades se multiplicam sociedade afora. Mortes. Mais cortes em todos os programas sociais. Merenda de bolacha e suco. Abandono da construção de creches. Humilhação do povo pobre, das mulheres, das minorias.
Ao contrário de Marina, vemos Ciro Gomes assumir abertamente o papel de quinta coluna do bolsonarismo mais abjeto. Não há um dia em que não recorra a baixarias para tentar desqualificar Lula e compará-lo a um militar defenestrado, cuja folha corrida de malfeitos não tem fim.
Embora tenha sido ministro de gestões petistas, Ciro elegeu Lula como seu principal inimigo. Hoje acusa o ex-presidente de ladrão, velho, doente e incapaz de dirigir o país. Faz o papel daqueles que, na Alemanha, propiciaram a vitória do desastre hitlerista.