Alunos e professores da Escola Técnica Parque da Juventude relatam assédio moral

Foto: Ocupação ETEC Parque da Juventude

Por Beatriz Santoro, Larissa Rosa e Jeniffer Mendonça,
 com edição de Iolanda Depizzol, para os Jornalistas Livres

Alunos e professores da Escola Técnica Parque da Juventude (ETEC-PJ), no bairro do Carandiru, relatam assédio moral durante primeiro dia de reposição de aulas, realizada na segunda-feira, 14, na ETEC Santa Ifigênia.

Os estudantes contam que, na entrada do prédio, foram revistados sob orientação do grupo de pais contrários à ocupação, que filmavam os rostos e pertences dos secundaristas. Além disso, algumas aulas tiveram a presença desses pais dentro das salas.

De acordo com um professor, pais de alunos acompanhavam e vigiavam as aulas. “Isso não aconteceu comigo nem sequer no período da ditadura”, relata o docente, que leciona desde 1969 e há quatro anos dá aula na ETEC do Parque da Juventude.

Na semana anterior, o mesmo grupo de pais havia tentado invadir a PJ, como os alunos chamam a ETEC, para tirar os secundaristas que estavam ocupando o prédio escolar como forma de apoio à luta contra a “reorganização” de Geraldo Alckmin. As aulas de reposição visam dar continuidade ao ano letivo e acontecem das 7h30 até às 18h, mas os alunos são impedidos de saírem e entrarem na escola fora do horário, inclusive para almoçar. Os jovens contam que, além da falta de liberdade de ir e vir, o prédio não disponibiliza microondas e a cantina está fechada, o que tem prejudicado a alimentação.

Em nota, o Centro Paula Souza, responsável pela administração das ETECs, disse que os estudantes foram revistados porque chegaram “para assistir aula com corrente e cadeado pendurados no pescoço” e que “a equipe da Etec verificou as mochilas de modo a garantir a segurança de todos os alunos”.

Entramos em contato com a direção das duas ETECs, mas não houve retorno.

COMENTÁRIOS

POSTS RELACIONADOS

Provão Paulista: oportunidade ou engodo?

Diante das desigualdades educacionais históricas no Brasil, tentativas de ampliar o número de estudantes egressos da rede pública no ensino superior é louvável. Mas não seria mais eficiente se o governo do Estado de São Paulo aumentasse as vagas destinadas ao testado e experimentado Enem, ao invés de tirar da cartola mais um exame eivado de contradições?