ALUNOS DA PUC-SP OCUPAM UNIVERSIDADE POR PROFESSORA NEGRA

Na manhã desta segunda-feira  (21/05) estudantes do curso de Serviço Social ocuparam o prédio velho, sede da Fasoc (Faculdade de Ciências Sociais, que abriga os cursos de Ciências Sociais, História, Geografia, Serviço Social e Relações Internacionais) e na madrugada desta quarta o prédio novo, no campus Perdizes, o principal da universidade.

A ocupação, que agora conta com estudantes de toda a Fasoc e de outros cursos da universidade e apoio de alguns professores, pede a efetivação da Professora Marcia Eurico no curso de Serviço Social.

A professora, que hoje atua como substituta, foi a primeira professora negra a integrar o corpo docente do curso desde de sua criação, há mais de 70 anos. O curso, de acordo com o site da universidade,  “é o primeiro no ensino da profissão no Brasil” e se preocupa com “o acesso da população aos bens e serviços e da sua inserção nos canais de representação popular e nos movimentos sociais”.

Em nota oficial o Centro Acadêmico de Serviço Social  (CASS)  afirma que, além da efetivação da docente,  também pede a “compreensão e garantia da não criminalização dos alunos que permanecem resistindo” e apoio presencial e solidariedade, frente a ameaças e hostilidades recebidas de alguns alunos e professores.

As 7:30 desta quarta a PM já está na frente da universidade, na entrada da rua Monte Alegre, com pelo menos 3 viaturas.

ATO HISTÓRICO

A PUC-SP tem uma história de resistência no período da ditadura militar, como universidade que abrigou grandes intelectuais perseguidos, além de já ter sido uma das mais importantes universidades de pesquisa nas áreas de humanidades, mas ainda não teve avanço na área da representação. Hoje o quadro docente da universidade tem uma sub representação de professores negros, seguido a tendência da academia brasileira.

A pauta é uma antiga reivindicação dos estudantes e coletivos da universidade. Ano passado (2017) durante uma audiência pública sobre racismo, realizada no TUCA (Teatro da niversidade) após um ato racista de um estudante, foi entregue para a reitoria o documento “DIRETRIZES PARA COMBATE E ENFRENTAMENTO DO RACISMO NA PUC-SP” do coletivo NEGRASÔ, que tinha como principais pontos:
1) Criação de cotas étnico-raciais para docentes e currículos que tratem das questões étnico-raciais em todos os cursos;
2) Fomentar a expansão de literatura negra nas bibliotecas da universidade;
3) Criação de um órgão de caráter horizontal para apurar os casos de racismo com representação de discentes e docentes;
4) Fomentar atividades regulares coletivamente construídas e custeadas pela universidade que tratarão de questões raciais;
5) Garantir a permanência de estudantes negros e negras através de acompanhamento psicossocial dos mesmos.

A reitora, presente na audiência, se comprometeu a atender as demandas dos estudantes

A questão de representação docente tem sido debatida em algumas universidades no Brasil, mas ainda não teve a mesma repercussão e, muito menos, aplicação que a entrada de estudantes no ensino superior. É nesse contexto que os ocupantes identificam o racismo institucional, não apenas na PUC-SP, mas no ambiente universitário como um todo.

RACISMO NA UNIVERSIDADE

Casos de racismo em universidades são constantes, refletindo um dos mais sérios problemas do país.

 

 

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