ALMA INQUIETA: ZÉLIA DUNCAN CONTRA O DRAGÃO DA MALDADE

Zelia Duncan
Zelia Duncan
Zelia Duncan
Zelia Duncan põe a cara para enfrentar o ódio e a intolerância

A cantora, compositora e atriz Zélia Duncan expressou a alma e o grito da classe artística contra as bizarrices do Governo Bolsonaro na área da Cultura nesta última semana. Desde que publicou um vídeo em seu instagram recitando um poema em que fazia alusão ao mundo sem artistas (veja abaixo), a artista não parou mais de fazer das redes sociais palco para sua inquietude com os erros no setor pelo Governo. Com a chegada de Regina Duarte e os editais polêmicos de Alvim ainda no ar, fizemos um papo rápido com Zélia sobre os últimos dias. Pelo visto, Zélia não sairá do front. Ainda bem.

 

Bruno Trezena: O seu conteúdo nas redes sociais com críticas ao Governo, principalmente na área da Cultura, tem viralizado. Na sua opinião, a que se deve essa repercussão?

Zélia Duncan: Eu sinto que vinha alcançando mais gente, porque resolvi botar a cara na tela, da forma mais espontânea possível, do jeito que sou em casa. Mas aconteceu algo mais no dia em que resolvi dizer um poema meu ao final de uma sessão. Houve uma comoção que me surpreendeu, porque as pessoas embarcaram na minha proposta de imaginar os dias sem arte. Daquele dia pra cá, minha vida nas redes mudou e na rua também. Todo dia tem gente vindo falar comigo por conta das postagens e especificamente daquela.

Bruno Trezena: A saída de Alvim da área da Cultura é o ponto final ou a sociedade precisa continuar atenta? A política de direcionamento ideológico proposta por ele, pelo visto, continua.

Zelia Duncan: Alvim personificou o pensamento do Governo em relação à Cultura. Uma cultura fria, branca, mal humorada, ameaçadora. Ele apenas errou na dosagem para uso externo e pegou muito mal. Mas sabemos que o presidente já tinha visto e aprovado. A luta está começando e vamos ver o que Regina Duarte vai propor… Se vai propor, se vai durar, se vai ser conivente com o desmanche, ou vai ser grata à profissão que tem sido a sua vida.

Bruno Trezena: Acha que o posicionamento crítico deve ser uma prioridade da classe artística?

Zelia Duncan: Eu tento não apontar o dedo para os colegas. Tendo a achar que cada um dá o que tem e o que pode. Mas confesso que, num momento como esse, é no mínimo melancólico, que a classe não se expresse em peso, de forma unida. Eu tenho cada vez mais botado a cara na rua. Acho que é a única maneira de me sentir viva, quando luto de alguma maneira. E estou achando o jeito pra fazer isso numa posição de aprendizado e ação.

Bruno Trezena: Acredita em dias melhores para nós?

Zelia Duncan: Não sou otimista, mas também não sou derrotista não. Acho que dias melhores demorarão! Mas vão nos achar fortes e no front.

 

 

 

COMENTÁRIOS

13 respostas

  1. Lutadora incansavel em defesa das minorias, da cultura, da democracia, dos direitos..

  2. A artista, repleta de talento e coragem está se expondo por toda a classe e merece que demais colegas abracem a causa e caminhem ao lado dela. Defender a cultura e a Arte não é só para o bem do(s artista(s). Mas para a população brasileira e o marco da história do país que é sempre registrada através da arte. Parabéns a Zelia, e avante demais artistas desse país em sofrimento!

    1. Zelia! Você é uma boa cantora, eu respeito!
      Mas, desculpa, você não representa a cultura brasileira como um todo.
      Calma, vai devagar, pois você está exagerando. em seus julgamento, olhe para os problemas que o povo brasileiro está enfrentando, na saúde, no desemprego, na segurança e etc, herança de governos passados. Vamos olhar as coisas todas com serenidade, e solidariedade, pois só assim podemos ajudar o Brasil.

  3. Artista completa para mim e aquela que luta pela cultura ,pelas artes de um modo geral . Sempre gostei muito de Zélia Ducan, mas agora passei admira-la mais ainda ,como musicista, compositora produtora etc, por sua segurança, coragem e luta colocando sua “cara ” para a luta.
    Obrigada Zélia ,por lutar junto.
    Ninguém solta a mão de ninguém.

  4. Pois é Deise,concordo plenamente com você.Penso que Zélia pontuou toda uma trajetória e referências que,como ela todos nós tivemos.Penso que passou da hora de todos nós unirmos em nome de um Brasil que não é esse,de um Brasil que não somos nós,de um Brasil que não é a nossa essência.A Cultura Brasileira,o povo brasileiro merece repeito….Os artistas respondem e compõem a história de nosso Brasil Brasileiro sim.Temos que estarmos juntos,todos juntos.

  5. Por essas e por outras ela a artista que aprendi a amar. Se outros artistas fizessem como ela botassem a cara pra bater eu teria mais esperança de um dia derrotar os essa treva que tomou conta desse pobre e subdesenvolvido país!

  6. Parabéns, Zélia, pela sua coragem e pelo seu desprendimento. Um País que dá as costas para a Arte e a Cultura, é um país medíocre! Lamentável a atitude desse desgoverno!!!… Só posso repudiar tal atitude!…

  7. Simplesmente maravilhoso, poema que tocou a alma de todos!!!! De todos que são sensíveis e que tem “ alma”.

  8. Sempre gostei da Zélia Duncan, como compositora e cantora. E de suas colunas no Globo. Realmente, seus depoimentos lúcidos, com toda clareza depois de uma corrida matinal, vieram em boa hora.

  9. Cada um pode ter sua apinião e fazer sua luta, mas canhotice exagerada, cansa… chega de ZD nas plataformas musicias pra mim, nenhum $ meu irá pra bancar esta chatice… seria bom continuar fazendo então música e usar a música a favor de suas lutas… não vídeos.

  10. Ahhhhh!!!!! Siiiimmmmm, precisamos muito da arte , mas uma arte que não maltrate, de artistas que não agridam minha fé , meu pudor em nome da liberdade e do “amor”.
    Preciso de som e melodia , que fale de amor e poesia , mas me recuso a ouvir um ruído que me fere o ouvido e faz a “manada balançar a raba” uma letra sem nexo hora falam de violência e droga hora fala de libertinagem e sexo.
    Sim precisamos de cores , mas que nos elevem os valores , querem arte que nos enriqueça o intelecto e não que apenas afronte o mundo com o politicamente correto.
    Cansada de hipocrisia.
    Cansada de lixo apresentado como luxo.
    Cansada de pessoas que acham que representam o público pq tem um microfone na mão.

POSTS RELACIONADOS

A poeta e o monstro

A poeta e o monstro

“A poeta e o monstro” é o primeiro texto de uma série de contos de terror em que o Café com Muriçoca te desafia a descobrir o que é memória e o que é autoficção nas histórias contadas pela autora. Te convidamos também a refletir sobre o que pode ser mais assustador na vida de uma criança: monstros comedores de cérebro ou o rondar da fome, lobisomens ou maus tratos a animais, fantasmas ou abusadores infantis?

110 anos de Carolina Maria de Jesus

O Café com Muriçoca de hoje celebra os 110 anos de nascimento da grande escritora Carolina Maria de Jesus e faz a seguinte pergunta: o que vocês diriam a ela?

Quem vê corpo não vê coração. Na crônica de hoje falamos sobre desigualdade social e doença mental na classe trabalhadora.

Desigualdade social e doença mental

Quem vê corpo não vê coração.
Na crônica de hoje falamos sobre desigualdade social e doença mental. Sobre como a população pobre brasileira vem sofrendo com a fome, a má distribuição de renda e os efeitos disso tudo em nossa saúde.

A nova fase do bolsonarismo

Por RODRIGO PEREZ OLIVEIRA, professor de Teoria da História na Universidade Federal da Bahia O ato de 25/2 inaugurou um novo momento na história da

Cultura não é perfumaria

Cultura não é vagabundagem

No extinto Reino de Internetlândia, então dividido em castas, gente fazedora de arte e tratadas como vagabundas, decidem entrar em greve.