ALDEIA DOS TUCUNS

É noite ainda na aldeia e no círculo de suas grandes casas, sem divisões, o fogo aquece enquanto o céu indaga. Se no mito Yawalapiti foi na fumaça do tabaco assoprada sobre toras de madeira que se fizeram os homens, na noite o silêncio ocupa o imaginário e os cachorros vigiam.

 

Nós, os caraíba, embalamos sonhos, enquanto os warayo (índios) no sono se refazem.

Os índios Yawalapiti moram à boca do rio Tuatuari, no encontro com o rio Kuluene. Karl von Steinen os viu ao final do século XIX, vagando. No Xingu, entre mitos, resistem e fortalecem os povos originários. Entre tantos escândalos no país, aqui é ordem o frio que amanhece entre a leve bruma que envolve.

Após tempos difíceis, por décadas de ameaças, estão fortes, estão belos. Entre suas alianças com outras etnias, atualmente a grande aldeia mostra seu vigor entre Kuikuro, Waujá, Kalapalo, Mehinako e Kamaiurá.

Mais uma noite passa na aldeia serena, muitos já foram pra roça, outros seguiram para pescar. Os povos indígenas do Brasil na terra antiga acalmam nossa fúria. Prosseguimos.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornalistas Livres

COMENTÁRIOS

POSTS RELACIONADOS

A poeta e o monstro

A poeta e o monstro

“A poeta e o monstro” é o primeiro texto de uma série de contos de terror em que o Café com Muriçoca te desafia a descobrir o que é memória e o que é autoficção nas histórias contadas pela autora. Te convidamos também a refletir sobre o que pode ser mais assustador na vida de uma criança: monstros comedores de cérebro ou o rondar da fome, lobisomens ou maus tratos a animais, fantasmas ou abusadores infantis?