por Cadu Passos
É natural que em momentos de crise com grandes proporções fiquemos sensíveis a certos assuntos. Situações do cotidiano, que antes eram invisíveis, ou simplesmente não nos chocavam, começam a ter outro significado. Isso diz muito sobre como ignoramos as mazelas da sociedade.
A região da Lagoinha, onde moro, possui a maior concentração de população em situação de rua, em Belo Horizonte. Muitos deles sobrevivem da coleta de recicláveis no lixo das lojas, supermercados e casas. No momento em que o distanciamento social é necessário para diminuir o contágio do coronavírus, esses profissionais que tiram o sustento de nosso lixo, estão ainda mais expostos.
Não conseguiremos ‘resolver’ o problema dessas pessoas por várias questões que podemos debater num segundo momento. O que dá pra fazer é diminuir a possibilidade de exposição dessas populações ao vírus, sem que elas percam a pouca renda que conseguem.
Muitos deles não possuem documentos e terão dificuldades de acesso ao auxílio de R$ 600 oferecido pelo Estado.
Refletir sobre como percebemos a presença dessas pessoas na sociedade, e entender que são trabalhadores expostos ao que há de pior nas relações capitalistas, se faz ainda mais necessários. Fazer isso de maneira despida de uma visão colonialista e pseudo salvadora é um ato de humanidade. Essas pessoas precisam de auxílio real desde sempre e agora ainda mais.
Medidas possíveis:
– Separar os recicláveis em sacolas higienizadas.
– Levar informação de qualidade até eles, de maneira segura e que respeite as recomendações da OMS.
– Montar kits de higiene pessoal para que os catadores possam garantir sua segurança de maneira autônoma.