Agressor de cinegrafista é identificado; jornalista passou a noite na UTI

O cinegrafista Rogério de Paula teve uma convulsão após o ataque e passou a noite na UTI. Ele também teve sua câmera quebrada

Na tarde de domingo (23), o cinegrafista Rogério de Paulo foi atacado por um bolsonarista enquanto cobria a prisão do apoiador e amigo de Bolsonaro, Roberto Jefferson. O ex-deputado deu pelo menos 20 tiros de fuzil e atirou duas granadas nos policiais federais que cumpriam mandado de prisão expedido por Alexandre de Moraes. O bolsonarista que defendia Jefferson deu um soco na cara do cinegrafista, que desmaiou na hora. O soco acertou também a câmera que estava apoiada no ombro de Rogério atingindo o local de uma cirurgia neurológica recente. Depois do desmaio, ele teve um princípio de convulsão e foi levado ao Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Três Rios (RJ), onde passou a noite na UTI em observação. 

A agressão foi registrada em vídeo (veja abaixo):

O agressor já foi identificado, trata-se do assessor parlamentar da Câmara de Vereadores de Três Rios (RJ), Diogo Lincoln Resende. Ele ocupava cargo de confiança há quase cinco anos, sem fazer concurso público, graças a indicação política. De acordo com a Câmara, o agressor foi exonerado após a repercussão do caso. Diogo Lincoln Resende irá responder por lesão corporal. 

O momento após o ataque ao cinegrafista também foi gravado. Pessoas que estavam presentes na hora em que Rogério foi atacado afirmaram que o agressor do repórter é morador de Três Rios e fanático bolsonarista. Também disseram que na hora avisaram a polícia militar apontando para Diogo, porém os policiais nada fizeram e o criminoso foi embora em um carro de luxo.

O ex-deputado federal e bolsonarista Roberto Jefferson (PTB) estava em prisão preventiva após o inquérito de milícias digitais e organizações criminosas que ameaçam o Estado Democrático de Direito desde agosto de 2021. No mesmo ano também foi acusado de homofobia, calúnia e incitação ao crime de dano contra o patrimônio. Sua prisão foi convertida para a domiciliar com alegação de estado de saúde por doença grave. 

Durante o regime domiciliar, o deputado bolsonarista descumpriu repetidas vezes as condições dessa prisão. Entre elas estão: passar orientações a dirigentes do PTB, usar as redes sociais, receber visitas, conceder entrevistas e compartilhar fake news que atingem a honra e a segurança do STF e seus ministros. Assim, o ministro do STF Alexandre de Moraes revogou o regime domiciliar e determinou o pedido de volta à prisão. O mandato de prisão foi feito dois dias depois da publicação de um vídeo do deputado com ataques “de teor machista, misógino e criminoso” proferido por Jefferson à ministra Cármen Lúcia. 

Outro motivo para prender Roberto Jefferson compreende o arsenal irregular de armas em sua casa, em parte utilizado para atacar os policiais na hora da prisão. O STF recebeu informações de que o bolsonarista iria intensificar seus ataques nos próximos dias, na semana do segundo turno das eleições. Com a posse do arsenal e a ameaça de atentados, as autoridades mandaram prender o deputado, uma vez que, de acordo com a lei eleitoral, ele não poderia ser preso depois de terça-feira (25). A legislação impede qualquer prisão em flagrante nos cinco dias antes das eleições. 

A prisão ocorreu na cidade de Levy Gasparian (RJ), após uma série de ataques feitos ao grupo de policiais federais com duas granadas e tiros de fuzil. De acordo com informações da PF, o ex-deputado feriu dois agentes – logo após declarar em vídeo: “Eu não vou me entregar”. Os dois policiais passaram por atendimento no pronto socorro.

Sua prisão foi concretizada depois que Bolsonaro determinou a ida do ministro da Justiça, o delegado Anderson Torres, para negociar a rendição. O Padre Kelmon, candidato do PTB a presidente e laranja do deputado bolsonarista, que teve a candidatura à Presidência impugnada por estar preso, também participou da negociação.

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