A Vale comete crime ambiental, mas quem protesta que é preso

Nesta quarta-feira (25), o MST — Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra realizou uma intervenção na Câmara dos Deputados Federais, em Brasília, em solidariedade às vítimas de Mariana e contra o novo Código da Mineração.

Após a atividade quatro jovens do Movimento foram detidos e transferidos para a carceragem da polícia civil acusados ~ ironicamente ~ de crime ambiental por realizarem uma cena na qual levaram argila com água para denunciar o crime cometido pela mineradora. A soma das acusações chega a 4 anos de prisão.

A intervenção teatral consistia em sujar as paredes da Câmara com lama. O espaço foi limpo alguns minutos depois.

Em nota, o MST repudiou veementemente a prisão e também denunciou a ação violenta da Polícia Legislativa que “somada a outros recentes episódios na casa apenas demonstram a arbitrariedade do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acuado com os inúmeros protestos que pedem sua saída da presidência da casa”.

Na noite do mesmo dia (25), cerca de 200 advogados da Rede Nacional de Advogados Populares fizeram vigília em frente à polícia civil especializada de Brasília exigindo a liberdade dos 4 jovens presos. Os advogados gritavam: “porque a argila no congresso é crime e a lama no Rio doce é acidental?”

O documento emitido pelo Movimento também indagava“Quatro jovens do MST são presos por sujar paredes da Câmara (…), enquanto diretores da Vale foram responsáveis por mortes, desaparecimento de pessoas, destruição de centenas de lares, contaminação ambiental por lama tóxica, e continuam todos soltos?!”

Liberdade provisória

Após dois dias detidos, na tarde desta sexta-feira (27) a juíza Lorena Alves Campos e a promotora Thaienne Fernandes, em Audiência de Conciliação, entenderam que não haviam motivos para que eles continuassem presos.

Os quatro jovens do MST receberam liberdade provisória e responderão ao processo no Distrito Federal. Eles foram acusados de crime ambiental, lesão corporal, resistência à prisão e injúria. Ao todo, a soma das acusações chega a 4 anos de prisão.

Em nota o MST agradeceu o apoio das pessoas e movimentos sociais durante o período, e reafirmou seu compromisso em defesa das vítimas da tragédia de Samarco/Vale “O MST seguirá em luta contra a Vale, contra a mineração e contra todos aqueles que querem explorar a natureza e a vida humana. Por isso, reafirmamos a bandeira #ForaCunha como articulador da ofensiva conservadora no país e exigimos a condenação da Vale e da Samarco pelos seus crimes ambientais. Agradecemos a solidariedade da sociedade e dos advogadas e advogados populares da Renap, que lutam por um Estado de Direito verdadeiramente democrático.”

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