“A história da África não se limita à escravidão”

III Semana da valorização da Cultura Afro quer recontar a história e buscar novas narrativas e perspectivas para os jovens

Por Nivia Machado

“A história da África não se limita à escravidão”. Esta é a constatação que a estudante de História da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Adriane Roberta, apresentou ao abrir a Semana da Consciência Negra nessa segunda-feira (16). Realizado por um grupo de 25 jovens/adultos do Rotaract Club de Mariana, Região Central de Minas Gerais, o evento faz parte da III Semana da Valorização da Cultura Afro e a programação é voltada para o tema “Afrofuturismo: a ressignificação de uma identidade quase perdida”.
Em busca das ressignificações, a estudante destaca que há falhas no estudo da história da identidade negra e, com isso, trouxe ao longo do tempo, mal entendidos sobre o que é a imensidão cultural do continente africano. “São necessárias novas narrativas para contar as influências dessa cultura. Um exemplo é quando se estuda as línguas de origem africana e como elas influenciam no português brasileiro e, com isso, vemos a riqueza cultural desses povos que não limita sua história apenas à escravidão”.
A estudante destaca que as aulas de história ainda são dadas por um viés europeu e que muitas literaturas africanas não são traduzidas para o português. Por isso é importante um esforço na pesquisa individual.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população de Mariana é composta na maioria por pessoas pretas e pardas que, somadas, dão 67,41%. Além disso, a população de 15 a 29 anos na cidade também é maioria, com 25,78%.
Para a estudante são necessárias políticas afirmativas para o futuro e a valorização desses jovens e a educação deve fazer parte. Segundo o organizador do evento, Marcos Gustavo, a cidade de Mariana tem um
histórico racial desde a fundação da cidade, com participação de africanos escravizados no ciclo do ouro. “Eles deixaram vários descendentes e resolvemos trazer um projeto para a cidade que valorize esses ancestrais e a cultura da África. Percebemos que os coletivos negros trabalham esses temas em novembro e, então, resolvemos montar o nosso grupo em Mariana para sermos também uma representação na cidade”.
A programação da terceira edição da Semana da Valorização da Cultura Afro vai até domingo, 22, e mais do que respostas, o grupo também pretende fazer perguntas. “A gente quer saber o que essas lutas de anos atrás dos movimentos negros têm surtido de efeito para o futuro, será que a luta está tendo resultado? O que nós jovens negros estamos
consumindo de cultura preta”, observou Marcos Gustavo.
A programação será toda desenvolvida online pelo Instagram @rotaractclubmariana

COMENTÁRIOS

POSTS RELACIONADOS