A estrada é longa e necessária. Uma trilha pela vida

Os caminhos são de soja, milho e algodão. Terreno inimigo!

Por: João Paulo Guimarães, para os Jornalistas Livres

Brasília-DF, Primavera Indígena

A estrada é perigosa. Chão pisado por garimpeiros, grileiros, milionários, pistoleiros, racistas e gente que nada contra a correnteza da igualdade e envenena o rio com a injustiça. Gente que não vê o indígena como gente. Gente que queima indígena em banco de praça, que violenta, amarra, tortura quilombola e faz selfie orgulhoso com o corpo preto marcado de porrada. Gente que tortura criança dentro do quarto de casa com o som alto da TV pra disfarçar os gritos de socorro. Gente que mata criança de pancada porque a criança é diferente. Gente que mata a namorada no elevador e joga o corpo pela janela. Gente que aperta o botão do.elevador pra criança subir sozinha no nono andar do prédio e cair lá de cima. Essa gente não vê o indígena como gente. Graças a Deus.

Imagine ser gente baseado nesse conceito de humanidade criado pelo branco genocida? Isso que é ser gente?

Eu, como fotógrafo, não me vejo gente então. Me vejo indígena.

Três dias de estrada. Dez dias de acampamento e várias caminhadas com os indígenas para a Praça dos Três Poderes pra assistir gente decidindo o futuro dos parentes. Pela manhã acordo com os gritos bolsonaristas dentro e fora do acampamento.

VAGABUNDOS! PREGUIÇOSOS! VOCÊS NÃO SÃO GENTE!

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