TV Globo: A espiral da desinformação

Globo é obrigada a noticiar que ONU condenou Moro como juiz parcial e a Lava Jato como ilegal, mas espera 24 horas e faz biquinho

Por Sergio Kraselis

Não bastassem os vergonhosos editoriais, as escutas vazadas, as perseguições aéreas de helicópteros, as campanhas vis contra os governos petistas, a TV Globo prima por manter o seu padrão de qualidade: negar a notícia e só decidir falar sobre um assunto que não lhe convém divulgar quando for impossível esconder e após consultar seu departamento jurídico (sim, caros leitores, as grandes corporações da mídia brasileira se blindam sempre para escapar das garras da lei).

Como foi co-participante da farsa midiática-jurídica-política, a Globo decidiu dar a notícia não por estar blindando o marreco de Maringá. A famiglia Marinho SE blinda lendo friamente o resumo da condenação da Operação Lava Jato pelo Comitê de Direitos Humanos da ONU no Jornal Hoje (vamos ver quantos segundos dará no Jornal Nacional) e deixa aos seus analistas da GloboNews a tarefa de seguir batendo em Lula. É a velha tática do morde e assopra. Afinal, Lula pode voltar a ser presidente. E, antes de tudo, Lula está abrindo processos judiciais contra seus detratores.

Feito isso, a divulgação de uma notícia de repercussão mundial, como foi a decisão da ONU em afirmar a parcialidade do ex-juiz Sergio Moro no julgamento do ex-presidente Lula, veio 24 horas depois de toda a internet e mesmo redes como a CNN repercutirem a notícia dada primeiro pelo jornalista Jamil Chade, correspondente do UOL na sede da ONU em Genebra. A notícia velha foi requentada. Não se comentou o fato de a ONU considerar Lula um preso político. “A Globo sabe que Moro não tem condições de ser juiz nem de programa de calouros, mas não dá o braço a torcer mesmo ele expondo diariamente a falta de inteligência que lhe é peculiar”, disse a internauta Suzana GuaraniKaiowá em sua conta no Twitter.

Millôr Fernandes, um dos mais brilhantes pensadores do país (foi escritor, jornalista, desenhista e humorista, entre outras atividades), definiu a imprensa brasileira numa entrevista. Disse ele: “A imprensa brasileira sempre foi canalha. Eu acredito que se a imprensa brasileira fosse um pouco melhor poderia ter uma influência realmente maravilhosa sobre o país. Acho que uma das grandes culpadas das condições do país, mais do que as forças que o dominam politicamente, é nossa imprensa. Repito, apesar de toda a evolução, nossa imprensa é lamentavelmente ruim. E não quero falar da televisão, que já nasceu pusilânime”.

Cai o pano. Vejamos qual será o próximo ato da emissora do Jardim Botânico, um dia apelidada de Vênus Platinada.

Leia mais sobre a decisão da ONU a respeito da farsa jurídica contra Lula AQUI

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