A economia não cresce, mas os preços…

Foto: Pedro Ventura/ Agência Brasília

O produto da terra […] é dividido entre três classes da comunidade: o proprietário da terra,
o dono do capital necessário para o seu cultivo e
os trabalhadores que entram com o trabalho para o cultivo da terra.
O principal problema da Economia Política é determinar as leis que regem esta distribuição.
David Ricardo (1817)

 

A economia vem patinando há anos. Reparemos na figura abaixo que é a impressão da tela “Sala de Imprensa” do IBGE, acessada na noite desse domingo 22/07/2018. Não há notícias boas vindas da economia: serviços caem, varejo cai, indústria cai, previsão de safra cai.

 

E como anda a inflação?

Nessa gestão desastrada da economia brasileiro, o governo do MDB e do PSDB apontava o sucesso no combate à inflação. Agora nem isso. E por ações do próprio governo. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) teve altas de 1,11% em junho e 0,64 em julho. Vamos ver o quanto essas altas estão pesando nos nossos bolsos?

Transportes

A inflação não atinge todas as pessoas de modo igual. Se, por exemplo, você mora numa pequena cidade, não usa carro e nem transporte público, as últimas altas de preços do grupo Transportes do IPCA-15, que foram 1,95% em junho e 0,79% em julho, não devem estar complicando seu orçamento.

21/07/2017- Brasília- DF, Brasil- Postos de combustíveis ajustam os preços e repassam para o consumidor o aumento da alíquota do PIS e Cofins pelo litro da gasolina
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Se, por outro lado, você anda de veículo próprio deve estar sentindo que os preços dos combustíveis dos veículos subiram 28,49%, nos últimos 12 meses até julho de 2018. Quase 30% de aumento em um ano! Nunca é demais lembrar quem são os responsáveis por essa alta: os preços dos combustíveis são determinados pela Petrobras e esse aumento foi determinado pelo grupo que está hoje no poder comandado por PSDB e MDB.

Habitação

No grupo habitação, as notícias são piores. Todos temos que morar, essas altas atingem todos nós. Afetam, porém, com mais intensidade as famílias de renda mais baixa pois gastam aqui grande parte de seu salário.

Pois bem, o grupo Habitação subiu 1,74% em junho e 1,99 em julho. E quem são os vilões? A energia elétrica subiu 18,91% e os combustíveis domésticos (essencialmente gás de cozinha) subiram 15,07%, de agosto de 2017 até julho de 2018. Sabemos que esses preços também são determinados pelo governo federal comandado por Temer e seus aliados.

Alimentação e Bebidas

Vejam que interessante que é o comportamento dos preços nesse grupo Alimentação e Bebidas: os preços subiram 1,57% em junho e 0,61% em julho, no entanto, subiram apenas 1, 09% nos últimos 12 meses. Sabe a razão dessa alta bem menor? Os preços dos alimentos não são determinados nem pelo governo e nem por um monopólio. São preços que, em grande medida, variam com a oferta e a procura.

Por exemplo, a greve dos caminhoneiros bagunçou o abastecimento dos alimentos e bebidas no país inteiro. Houve, então, uma forte alta. Mas quando tudo volta ao normal, os preços também voltam. Às vezes uma safra ruim (lembram-se do feijão há alguns meses?) faz o preço explodir. Quando a safra se regulariza o preço volta ao habitual.

Conclusão

Os grupos Alimentação e Bebidas, Transportes e Habitação foram os responsáveis por 95% do índice de inflação de julho, medida pelo IPCA-15. Se o governo federal não tivesse subido a energia elétrica, os combustíveis para veículos e o gás de cozinha, a vida, especialmente de quem ganha menos, estaria um pouco melhor.

Se o emprego estivesse aumentando ainda haveria a possibilidade de aumentos de salários para contrabalançar a inflação. Acontece que, depois da “reforma” trabalhista, só salários mais baixos, insegurança, incerteza e instabilidade estão no horizonte dos trabalhadores brasileiros. Ainda bem que teremos eleições daqui a 75 dias, não é?

 

Nota

1 O documento abaixo é a publicação completa do IBGE do IPCA-15 de Julho de 2018

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