Por Cecilia Accioly, especial para os jornalistas livres
Dois anos após centenas de vidas serem perdidas, as romarias e preces religiosas continuam no acalento aos familiares e moradores de Brumadinho, Minas Gerais. O processo de luto atravessa as condições de continuidade da vida da população frente ao descaso com a impunidade.
As lembranças da primeira romaria, em janeiro de 2019, lembraram o rompimento da barragem de rejeitos de minério de Córrego do Feijão, em Brumadinho. Não se trata do valor de 270 pessoas encontradas mortas, mas de que este crime é de responsabilidade de uma das maiores empresas de mineração do mundo.
A Vale, privatizada pelo governo FHC em 1997, foi responsável pelo crime ambiental irreparável. As medidas necessárias para que fosse evitado, especialmente através de medidas de segurança, que não foram tomadas, e a população atingida pela queda de barragem deixa os noticiários ano após ano, na tentativa de silenciar o crime.
A lama impactou a vida de pequenos agricultores, pescadores, indígenas e quilombolas. Tais rejeitos em sua dimensão comprometeram o abastecimento de água de várias cidades, ao longo do Rio Paraopeba, além das atividades econômicas.
Esse crime ocorreu por negligência, ganância e pela priorização do lucro, em detrimento das vidas humanas e dos impactos ambientais. Não podemos esquecer da dor e do sofrimento de tantas mulheres, das avós, das mães e das crianças órfãs!
Texto e Fotografia: Cecilia Accioly, médica e militante da ColetivA BH.